Jornal Correio Braziliense

Economia

Economistas: BC deve manter juros até dezembro, e só então reduzi-los

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Economistas estimam que o Banco Central vai repetir a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75% também na reunião marcada para dezembro. Há chances reduzidas de que os juros caiam ainda nesta ano e "grandes possibilidades" de que o BC retome o ciclo de baixa no início do ano que vem. "Se o BC quiser reduzir os juros neste ano ele pode argumentar que os preços das commodities (matérias-primas) caíram, que o dólar caiu, e que houve uma desaceleração na velocidade de concessão dos empréstimos. Mas as chances são maiores de que ele reduza a taxa só no ano que vem", comenta Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. "Ele somente não mexeu nos juros agora, porque para você fazer uma mudança na política monetária você precisa fazer uma parada antes e explicar suas razões. Também é preciso dar tempo para que esse cenário se concretize", acrescenta. O Comitê volta a se reunir neste ano nos dias 9 e 10 de dezembro e, em 2009, nos dias 20 e 21 de janeiro. "O próprio mercado estima que na próxima reunião do Comitê, em dezembro, será um pouco mais fácil traçar os rumos da economia brasileira", avalia Roberto Kropp, diretor da Daycoval Asset Management. Kropp enxerga dois cenários prospectivos para o Copom. "Caso a crise afete fortemente a atividade, acredito que os integrantes do Comitê vão repensar suas estratégias e optar por reduzir a taxa básica gradativamente, na medida em que as expectativas inflacionárias forem baixando", avalia Kropp. Há chances, no entanto, de que o Comitê possa mexer nos juros ainda neste ano. "Se o País passar pelos problemas financeiros sem tantos "solavancos´, o Copom pode até rever a decisão de manutenção da taxa tomada hoje", afirma ele. Walter Machado, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), tem opinião semelhante: o agravamento da crise financeira, e seus impactos na economia brasileira, podem levar ao Copom a reduzir os juros ainda em dezembro. "Há preocupação de que a conta a ser paga pelas empresas e pelos consumidores, em função da crise financeira, chegará no primeiro trimestre do ano que vem", afirma ele.