A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) emendou o segundo dia de forte valorização, a reboque do ânimo dos investidores com o corte dos juros básicos promovido pelo Federal Reserve. Para economistas do setor financeiro, o banco central americano deixou a porta aberta para outros ajustes da taxa básica local. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, ganhou 4,37% no fechamento e alcançou os 34.845 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,96 bilhões. O mercado brasileiro foi favorecido também recuperação dos preços das commodities (matérias-primas). As ações brasileiras preferidas pelos investidores são de empresas ligadas aos setores de petróleo e gás, bem como minerais metálicos.
O exemplo mais visível é o petróleo: o barril subiu quase 10% e bateu a cotação de US$ 68,8 na praça de Nova York (Nymex).
A ação preferencial da Petrobras valorizou 6,73%; a ação preferencial da Vale, outro papel bastante influente da Bolsa, subiu 2,39%. Juntas, as duas ações movimentam mais de 30% do giro total da Bolsa.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,143 na venda, um recuo de 2,05% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 483 pontos, número 8,7% abaixo da pontuação anterior.
O Banco Central interferiu no mercado de câmbio com dois leilões de "swap" cambial, colocando US$ 1,08 bilhão desses contratos junto aos agentes financeiros. Os contratos de "swap" cambial oferecem proteção ao agente financeiro contra as oscilações do câmbio, o que tende a tirar pressão sobre os preços da moeda americana.
As Bolsas européias encerraram os negócios de hoje em terreno positivo, a exemplo de Londres (7,14%), Paris (9,23%), com exceção do mercado de Frankfurt (baixa de 0,30%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York sustentou uma alta durante boa parte do pregão, mas caiu 0,82% no fechamento.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) decidiu reduzir os juros básicos da economia americana de 1,5% ao ano para 1%. Em seu "statement" (comunicado pós-reunião), a autoridade monetária americana salienta o desaquecimento da economia americana e reforça a expectativa de inflação moderada.
"O ritmo da atividade econômica parece ter caído acentuadamente, devido em grande parte a um declínio nos gastos dos consumidores", afirma o colegiado de diretores do Fed. Citando a redução nas cotações do petróleo e demais commodities desde o final do primeiro semestre, o Fed afirma ainda esperar "que a inflação fique moderada nos próximos trimestres, em níveis consistentes com a estabilidade de preços".
Para o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, "o comunicado de hoje intensifica a percepção de recessão que já vinha desde a mudança extraordinária (o corte de 2% para 1,5%)". Segundo Gonçalves, "fica aberta a porta para cortes adicionais da taxa de juros e novo pacote fiscal".
Copom
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia a nova taxa básica de juros do país, logo após o fechamento dos mercados. A maioria dos economistas do setor financeiro estima que a taxa básica será mantida em 13,75% ao ano.