A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu nesta terça-feira (28/10) recuperar boa parte das fortes perdas acumuladas ao longo dos últimos cinco dias. A disparada de hoje, no entanto, não deve evitar que a Bolsa brasileira emende o seu quinto mês consecutivo de desvalorização. A recuperação dos mercados começou hoje pelas Bolsas asiáticas e "contaminou" as Bolsas européias e americanas.
"O mercado está irracional. Hoje foi um dia de euforia e subiu mais de 10%. Amanhã pode cair outros 10%", comenta Frederico Mesnik, sócio da Humaitá Investimentos. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, avançou 13,42% e atingiu os 33.386 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,90 bilhões, ainda abaixo da média do mês (R$ 5 bilhões/dia). Trata-se da segunda maior alta do ano, somente atrás da valorização de 14,65% registrada no último dia 13.
As ações líderes da Bovespa, Vale e Petrobras, valorizaram, respectivamente, 13,38% e 10,71%, num dia de ajustes nos preços das commodities (matérias-primas), a exemplo do petróleo, que bateu US$ 63 na praça de Nova York (Nymex).
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,188 na venda, em declínio de 2,49%. A taxa de risco-país marca 523 pontos, número 13,83% abaixo da pontuação superior.
As Bolsas européias concluíram os negócios em terreno positivo, a exemplo de Londres (1,91%), Paris (1,55%) e Frankfurt (11,27%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York disparou e subiu 10,88% no fechamento.
Entre as principais notícias do dia, o instituto privado Conference Board informou que o nível de confiança do consumidor americano na economia de seu país caiu para o seu menor nível em 41 anos. O índice apontou para 38 pontos, bem abaixo do dado revisado de setembro, de 61,4 pontos, e da projeção dos analistas de 52 pontos para o indicador. O grupo Santander anunciou lucro líquido de aproximadamente US$ 8,65 bilhões no período de janeiro a setembro, um resultado 5% superior ao ganho registrado para o acumulado de nove meses do ano passado. No front doméstico, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adiantou que vai anunciar amanhã uma nova linha de crédito voltada para empresas de construção civil, no montante de R$ 3 bilhões. "Para o capital de giro para construção, vou anunciar amanhã uma linha de crédito com custos menores que os do mercado", afirmou o ministro durante evento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Fed e Copom
Investidores e analistas de mercado contam as horas para a "super-quarta", quando os comitês de política monetária, do Brasil e dos EUA, anunciam as taxas de juros básicas de seus respectivos países. Economistas do setor financeiro esperam que o Copom mantenha a taxa Selic em 13,75%, diante do turbulento cenário mundial. Nos EUA, a expectativa se concentra por um novo corte dos juros americanos, provavelmente de 1,50% ao ano para 1,25%.
"Quando não se sabe ao certo o que fazer, o mais sensato é o Copom interromper o processo de aperto monetário", avalia Elson Teles, economista-chefe da corretora Concórdia. Para o economista, é preciso um tempo maior para avaliar "os desdobramentos da crise externa sobre a atividade econômica e, sobretudo, sobre a inflação doméstica". "Não parece fazer muito sentido o nosso Banco Central se colocar na contramão do que se passa lá fora e continuar subindo a taxa básica de juros", acrescenta.