Os fundos privados de pensão da Argentina, que o governo esta tentando estatizar, devem repatriar US$ 544 milhões investidos no Brasil, para fortalecer o mercado interno de capitais, revelou nesta terça-feira (28/10) uma fonte do governo.
"Esta decisão de repatriação de fundos no valor de 1,8 bilhão de pesos (US$ 544 milhões) foi tomada em comum acordo com as Administradoras de Fundos de Aposentadorias)", afirmou a fonte, pedindo anonimato.
A decisão de injetar este dinheiro no mercado argentino foi tomada durante a discussão do projeto de lei para estatizar os fundos de pensão privados, iniciada nesta terça-feira pelo Parlamento. Caso seja aprovado, criará um sistema estatal único de pensões.
Entre os argumentos do governo para estatizar os fundos, está o fato de o volume total de ativos nas mãos dos dez fundos ter caído drasticamente desde meados de setembro até meados de outubro passado.
A perda aconteceu no compasso da crise financeira global, segundo dados da Superintendência de fundos de pensão, que atua como organismo de controle.
Portanto, os fundos que passarem do setor privado para o Estado, se a lei for aprovada, serão de US$ 26 bilhões e não de US$ 30 bilhões como calculado há uma semana, quando a presidente do país, Cristina Kirchner, lançou o programa, dia 21 de outubro passado.
Os fundos privados foram autorizados a voltar a operar embora com restrições no mercado financeiro na segunda-feira, após o veto judicial da semana passada, devido a uma investigação por supostas suspeitas de fraudes na liquidação de títulos da dívida pública na véspera do anúncio.
O responsável da previdência no governo, Amado Boudou, advertiu aos fundos que não vendam bônus nem corram para comprar dólares e que mantenham a liquidez para passar tranqüilidade aos mercados, abalados pela iniciativa oficial de estatização e as derivações da crise financeira global.
Os fundos têm 55,32% de sua carteira em operações de créditos públicos, segundo dados oficiais.