Economia

Crise reduz valor do setor bancário em quase US$ 3 tri, diz estudo

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postado em 21/10/2008 14:22
O valor de mercado do setor bancário no mundo todo caiu de US$ 8,3 trilhões no fim de 2007 para US$ 5,7 trilhões no fim do terceiro trimestre deste ano - uma redução de US$ 2,6 trilhões. A queda reflete os efeitos da crise financeira iniciada em agosto do ano passado, com os problemas causados pelo mercado de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA. Os dados constam de um levantamento feito pela consultoria americana Boston Consulting Group (BCG). "A crise eliminou quase três anos de crescimento no valor de mercado. O valor do setor bancário agora está perto de onde estava no fim de 2004", disse o co-autor do estudo, Lars-Uwe Luther. "O declínio começou em 2007. Na segunda metade daquele ano, quando a crise começou a se intensificar, os bancos perderam US$ 269 bilhões em valor de mercado. No total, os bancos perderam quase US$ 3 trilhões em valor de mercado desde meados de 2007." A queda corresponde a uma queda acentuada no desempenho das ações dos bancos no mercado, diz o relatório. Entre janeiro e setembro deste ano, o TSR (retorno total aos acionistas, na sigla em inglês) caiu 34 pontos percentuais, para -32,5%. A queda é ainda de cerca de 60 pontos percentuais em relação à média vista em 2006, diz o relatório. "A crise, que começou como um declínio no mercado imobiliário americano, repercutiu nos mercados ao redor do mundo", disse Luther. "Em nove dos 10 mercados mais desenvolvidos, os bancos tiveram perdas expressivas nos retornos aos acionistas nos três primeiros trimestres de 2008." A Alemanha teve o resultado mais baixo nesse item, com uma queda de 45,1% nos retornos, enquanto o Canadá teve o melhor resultado entre os países ricos, queda de 6,6%. Nos países do Bric (grupo de economias emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), a queda no TSR passou de uma média de 50% no ano passado para queda de 40,8% entre janeiro e setembro deste ano. A crise iniciada no ano passado já provocou a quebra de instituições financeiras como as dos bancos americanos Lehman Brothers e Washington Mutual. Governos e bancos centrais no mundo todo têm agido para evitar que outros bancos quebrem e a crise financeira em curso se agrave. A mais recente ação do tipo foi a efetuada hoje pelo BCE (Banco Central Europeu), que só hoje injetou no sistema bancário da zona do euro mais de US$ 500 bilhões, para ampliar a oferta de dinheiro e facilitar as operações de crédito. A escassez de crédito entre os bancos levou à redução da oferta de empréstimos e financiamentos para pessoas e empresas, o que provocou um desaquecimento acentuado na economia global. Esse desaquecimento gerou o temor de recessão global que levou a quedas históricas nas Bolsas nos mundo todo nas últimas semanas. Desde o início do que analistas têm classificado como um segundo ciclo da crise, bancos centrais de diversos países, bem como os próprios governos, tomaram iniciativas a fim de evitar uma recessão global. As medidas vêm surtindo efeito: os juros para empréstimos e financiamentos entre as instituições bancárias registraram nova queda hoje. A chamada taxa Libor ("London Interbank Offered Rate") para empréstimos de três meses em dólares caiu 0,23 ponto percentual, para 3,83%. Trata-se da primeira vez que a taxa fica abaixo de 4% desde 29 de setembro deste ano. Outra taxa de juros interbancários, a Euribor ("European Interbank Offered Rate"), para empréstimos de três meses em euros, também caiu --0,03 ponto percentual, para 4,968%. Trata-se da primeira vez que a taxa fica abaixo dos 5% desde 18 de setembro, quando quebrou o banco americano de investimentos Lehman Brothers. A Libor é a referência para cobrança de juros por empréstimos que as maiores instituições bancárias fazem entre si. Por isso, ela é utilizada como base para que os bancos calculem os juros que cobram em outros empréstimos. A Euribor, por sua vez, foi introduzida depois da criação do euro, em 1999. Como essas taxas estão na base dos cálculos para os juros, a redução sinaliza um barateamento do dinheiro. Justamente a possibilidade de que o crédito retorne a níveis normais ajudou a trazer algum ânimo aos mercados mundiais, visto nos resultados das Bolsas de ontem - o que somou-se a um possível novo pacote de estímulo à economia dos EUA, sugerido pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke.

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