O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para esta quinta-feira (9/10) uma reunião extraordinária com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para transmitir sua orientação para a reunião do G-20 financeiro no próximo sábado, nos Estados Unidos.
O porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, disse que Lula é favorável à existência de uma supervisão internacional sobre o mercado financeiro em meio à crise econômica mundial.
"A orientação (do presidente Lula) é a seguinte: que a natureza global mostra que é preciso haver uma orientação global sobre o mercado financeiro. Um esforço conjunto que poderá dar um sentido claro aos agentes (financeiros)", disse o porta-voz.
O G20 é grupo formado pelos ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais dos países ricos do G7 (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão), além de União Européia, Austrália, China, Índia, Brasil, Argentina, México, Rússia, Indonésia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul e Turquia. O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial também estão representados.
Mantega e Meirelles pretendiam ter viajado ontem, mas adiaram a partida para os Estados Unidos, retornando para a Brasília nesta quinta-feira. O porta-voz não soube explicar o porquê da mudança de planos das duas autoridades, mas confirmou que o presidente transmitiria orientações específicas para os dois.
"Neste período de maior sensibilidade, o presidente quer dar sua orientação ao ministro e ao presidente do Banco Central", afirmou Baumbach.
A crise econômica internacional também será o tema principal das conversas de Lula nas viagens ao exterior que fará na próxima semana. A partir de domingo o presidente viajará para Espanha, Índia e, por último, Moçambique. Com todas as autoridades, ele pretende defender seu ponto de vista sobre a implementação de um sistema de controle internacional sobre os mercados financeiros.
Nas conversas com as autoridades internacionais, Lula também deverá reiterar a retomada das negociações da Rodada Doha. Para o presidente, segundo o porta-voz, é que apenas um esforço coletivo poderá conter os avanços dos efeitos da crise econômica internacional.
"O presidente considera importante ter um esforço coletivo para aperfeiçoar o sistema financeiro", disse Baumbach. "É preciso supervisionar os sistemas financeiros internacionais." Na Espanha, com o rei Juan Carlos e o primeiro-ministro José Luis Zapatero, Lula deverá reiterar a parceria dos blocos econômicos da União Européia e o Mercosul também como medidas fundamentais para conter os avanços da crise. "A idéia do presidente é que a queda de barreiras é sempre benéfica", disse o porta-voz. "(E isso) pode evitar que os prejuízos da crise sejam maiores (do que já são)."