Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas no mundo registram vários colapsos ao longo da história

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O crack (colapso) da Bolsa, um conceito que reapareceu nos mercados nos últimos dias, é uma baixa súbita e precipitada das ações que afeta um mercado financeiro ou vários deles. Uma de suas principais características é o efeito de pânico que faz com que todos os investidores vendam suas ações ao mesmo tempo, gerando assim uma espiral apavorante.

Não há uma definição econômica precisa de crack, mas, na prática, esta expressão pode ser aplicada a uma baixa das cotações de mais de 20% em poucos dias. As fortes quedas observadas nos mercados nos últimos dias se aproximam deste nível, alimentando as comparações com os precedentes históricos de 1929 e 1987.

Mas estes dois eventos foram muitos diferentes. A atividade se recuperou rapidamente após o crack de outubro de 1987, enquanto a grande depressão de 1929 se traduziu em vários anos de recessão econômica, desemprego e miséria, que desembocaram na 2; Guerra Mundial.

A derrubada das Bolsas em 28 de outubro de 1929 aconteceu após a explosão de uma bolha especulativa que levou milhões de americanos a comprar ações através de fundos de investimentos, os "trust funds", que faliram um atrás do outro.

Foi depois da 2; Guerra Mundial, em 1945, que a economia internacional voltou a encontrar o caminho de um crescimento sustentável, até os anos 70 e o novo crack de 1987. Foi naquele ano, outra vez em uma segunda-feira de outubro, em 19, que o Dow Jones de Wall Street caiu 23% em uma única sessão, a maior registrada nesta Bolsa em toda sua história. A maioria dos mercados mundiais seguiu seus passos.

Mas este crack, agravado por problemas técnicos (de informática) nos pedidos, não se reproduziu no tempo. Os índices subiram rapidamente e dois anos mais tarde o Dow Jones recuperou seus níveis anteriores à queda.

Mais recentemente, as Bolsas mundiais atravessaram momentos difíceis, em 1997, durante a crise asiática, em 1998, durante a quebra do fundo especulativo LTCM após a crise russa, em 2000, durante a explosão da bolha da internet e, em 2001, após os ataques terroristas nos Estados Unidos, mas elas não se prolongaram por tanto tempo.

Veja as principais crises da Bolsa

1720
Quebra na Grã-Bretanha em dezembro, depois de uma onda de especulação que provoca a queda da companhia marítima do Sul e do banco Law.

1882

"Crack" do banco católico francês Union Générale. Bolsas de Lyon e Paris despencam, França entra em crise econômica.

1929

Quinta-feira negra em Wall Street. No dia 24 de outubro, o índice Dow Jones da bolsa de Nova York perde mais de 22% em suas primeiras horas de sessão, apesar de se recuperar ao longo do dia e fechar em -2,1%. Em 28 de outubro cai novamente em 13% e no dia 29, em 12%. Essa crise obriga o fim da especulação da Bolsa e marca o início da grande depressão dos Estados Unidos e de uma crise mundial que afeta especialmente a Europa.

1987


Wall Street desmorona no dia 19 de outubro depois da divulgação de dados que mostram um importante déficit comercial e um aumento das taxas de juros do Banco Central alemão. Em um dia, a Dow Jones perde 22,6% e outros índices registram importantes perdas, mostrando a interdependência dos mercados mundiais. Trata-se do primeiro "crack" da era da informática.

1998

Agosto negro na Rússia. O rublo (moeda do país) perde cerca de 60% do seu valor em onze dias. A Rússia vive uma crise econômica e monetária vinculada em parte à crise asiática de 1997.

2000

A bolsa eletrônica vive sua primeira grande crise. O índice Nasdaq, que concentra os valores de internet e de tecnologia, cai 27% nas duas primeiras semanas de abril e perde 39,3% em um ano. Essa queda repercute em todos os mercados vinculados à Nova Economia.

2001

Os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, que deixam mais de 3.000 mortos, provocam o fechamento da Bolsa de Nova York durante uma semana. Em sua reabertura, o índice Dow Jones sofreu a maior perda em pontos de sua história, de 684,81 pontos.

2002

A falsificação das contas da empresa americana Enron e a fraude do grupo de telecomunicações Wordcom desestabilizam as Bolsas do mundo. Os mercados registram quedas inéditas: Frankfurt perde -43,9%, Paris -33,7% e Londres -24,8%.

2008

As conseqüências da crise dos "subprime" (créditos hipotecários de alto risco) nos Estados Unidos se propagam aos mercados financeiros americanos e mundiais. Nos nove primeiros meses do ano, os principais índices perdem mais de 25%. A crise se agrava no início de outubro com quedas de quase 10% em vários mercados mundiais.