O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, disse nesta terça-feira (7/10) que o cenário econômico dos EUA piorou, com o efeito da crise financeira, e que os problemas do país podem se prolongar. Ele disse ainda que o banco precisará avaliar se a política de manutenção da taxa de juros, atualmente em 2% ao ano, "continua apropriada" - o que foi visto como sinal de que a pausa na taxa pode terminar.
"A combinação dos dados econômicos recentes e dos desenvolvimentos financeiros sugerem que a perspectiva para a expansão econômico piorou e os riscos de baixa para o crescimento aumentaram", disse Bernanke, em um discurso feito hoje, durante o encontro anual da National Association for Business Economics (Nabe), entidade norte-americana que reúne economistas dos setores público, privado e acadêmico.
"Ao mesmo tempo, o cenário para a inflação teve alguma melhora, embora ainda pcoermaneça incerto. À luz desses desenvolvimentos, o Federal reserve terá de considerar se a atual política de juros continua apropriada", disse. Na reunião de política monetária realizada em 16 de setembro, o Fed manteve sua taxa de juros em 2% ao ano, a terceira manutenção consecutiva. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve deflação de 0,1% em agosto.
Na avaliação do Fed, a atividade econômica americana deve ser fraca no restante deste ano e no início do próximo. "A turbulência financeira elevada que experimentamos pode bem prolongar o período de desempenho econômico fraco e aumentar os riscos ao crescimento. Para apoiar o crescimento e reduzir os riscos de baixa, esforços ntínuos para estabilizar os mercados financeiros são essenciais", disse Bernanke.
Pacote
Bernanke ainda lembrou o esforço do governo, envolvendo o Fed, bem como o Departamento do Tesouro, para convencer o Congresso da necessidade do pacote de US$ 700 bilhões, preparado pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, a fim de evitar novas quebras no setor financeiro - como a dos bancos Lehman Brothers e Washington Mutual.
O pacote foi aprovado na semana passada. No dia 29, a Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados dos EUA) rejeitou o pacote, que já havia recebido acréscimos dos congressistas. No dia 1° deste mês, o texto, então com cerca de 450 páginas depois de novos acréscimos, foi aprovado no Senado. Na sexta-feira (3), a Câmara aprovou a medida.
"A nova legislação oferece importantes ferramentas para lidar com a tensão nos mercados financeiros e, assim, diminuir os riscos para a economia", afirmou Bernanke. "A lei amplia a autoridade para comprar ativos com problemas, oferecer garantias e reforçar diretamente os balanços de instituições."