Jornal Correio Braziliense

Economia

Dow Jones perde mais de 700 pontos e caminha para novo recorde

;

As promessas de ajuda governamental para salvar os bancos e o sistema financeiro como um todo de pouco ajudaram: o índice Dow Jones Industrial Average, da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês), caminha rapidamente para bater uma nova marca recorde de perda em pontos em um único dia (o recorde atual é de 777,68 pontos, atingido na semana passada). A reação dos investidores ao risco de uma recessão global é de pânico. Às 16h (em Brasília), o Dow Jones caía 6,61%, para 9.642,72 pontos; a perda até o horário era de 688,55 pontos. O índice também caiu abaixo dos 10 mil pontos hoje pela primeira vez em mais de quatro anos. O S 500, também da Nyse, caía 7,30%, indo para 1.019,01 pontos. A Bolsa Nasdaq operava em baixa de 7,86%, indo para 1.794,39 pontos. Os mercados europeus também despencaram: a Bolsa de Londres teve queda de 5,77% no índice FTSE 100, que fechou com 4.589,19 pontos (a queda foi de 391,1 pontos); a Bolsa de Paris caiu 9,04% no índice CAC 40, que ficou com 3.711,98 pontos; a Bolsa de Frankfurt perdeu 7,07% no índice DAX, que ficou com 5.387,01 pontos; a Bolsa de Amsterdã teve perda de 9,14% no índice AEX General, que ficou com 312,56 pontos; a Bolsa de Milão perdeu 8,24% no índice MIBTel, que fechou com 17.976 pontos; e a Bolsa de Zurique fechou em baixa de 6,12%, com 6.458,72 pontos no índice Swiss Market. A aprovação do pacote de ajuda financeira, de US$ 700 bilhões, nos EUA na semana passada trouxe pouco alívio para os investidores, que ainda têm dúvidas sobre a eficácia que essa ajuda poderá ter. Na sexta-feira (3/10), a Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) aprovou o pacote que já havia recebido o "sim" do Senado dois dias antes. O projeto também já foi sancionado pelo presidente George W. Bush. Além dos US$ 700 bilhões para compra de títulos "podres" (aqueles cujo resgate é pouco provável, tendo por isso um risco alto de calote), o pacote inclui US$ 150 bilhões em benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais. Na semana passada, o Fundo divulgou trechos do estudo "World Economic Outlook", no qual informou que a turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa". Além disso, essa crise deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida. "Nos EUA, os perfis dos preços dos ativos, do crédito total e do endividamento líquidos das famílias parecem similares aos dos episódios anteriores que foram seguidos de recessão", diz o documento. Além disso, o governo alemão aprovou uma ajuda de cerca de US$ 68 bilhões para evitar a quebra do banco de hipotecas Hypo Real Estate Holding. O banco francês BNP Paribas também concordou em comprar uma participação de 75% no banco Fortis, que teve suas operações na Holanda nacionalizadas pelo governo holandês. Os governos da Alemanha, Irlanda e Grécia já declararam também que irão garantir depósitos bancários. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) informou hoje que irá pagar juros sobre os depósitos compulsórios - que são as reservas de dinheiro que as instituições financeiras recolhem junto junto à autoridade monetária, compostas com parte do dinheiro depositado pelos seus clientes. No sábado, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse que iria propor a criação de um fundo europeu de 12 bilhões de libras (US$ 21,3 bilhões) para ajudar pequenas empresas a enfrentarem a crise financeira. O ministro das Finanças do Reino Unido, Alistair Darling, disse por sua vez que está ´pronto para fazer o que for preciso´ para evitar uma crise de crédito no sistema financeiro britânico. Nada disso, no entanto, evitou o pânico em diversos mercados mundiais. FMI. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, pediu hoje aos países europeus que concretizem em fatos a decisão de se coordenar para enfrentar a crise financeira. "Os europeus devem se coordenar, devem atuar juntos", afirmou. Strauss-Kahn ressaltou que "não devem ser tomadas decisões nos quatro pontos da Europa sem que haja coordenação", porque os efeitos "podem ser particularmente daninhos".