Uma vez aprovado pelo Congresso dos EUA o pacote de socorro financeiro do governo Bush, o mercado internacional deve passar a se concentrar na divulgação de dados econômicos. E nos próximos dias não faltarão números para investidores e analistas avaliarem.
Após uma agenda fraca nesta segunda-feira (6/10), os mercados vão se deparar nesta terça-feira (7) com uma bateria de eventos. O dia terá um novo discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, além da divulgação da minuta da última reunião do BC.
O documento trará detalhes sobre os motivos que levaram a autoridade monetária dos EUA a manter os juros inalterados em 2% anuais. Com o risco de recessão cada vez mais presente, havia quem defendesse que o Fed tivesse reduzido os juros em seu último encontro.
"Para a semana, o cenário externo e o desenrolar da crise americana continuam como centro das atenções", diz Rossano Oltramari, sócio-diretor da XP Investimentos, que destaca a minuta do Fed e dados do setor imobiliário americano como os principais indicadores a serem divulgados no exterior.
Na quarta-feira, vão ser apresentadas nos EUA as vendas de imóveis pendentes de agosto, além das solicitações de empréstimos hipotecários. Na quinta-feira, a agenda americana traz o resultado dos novos pedidos de seguro-desemprego, sendo um relevante termômetro do mercado de trabalho do país.
Na Europa, o destaque é a reunião do Banco Central da Inglaterra, que na quinta-feira irá decidir como ficam seus juros. A expectativa é que a taxa básica seja reduzida de 5% para 4,75% anuais.
Cenário local
"Internamente temos a divulgação dos índices de inflação [IGP-DI e IPCA] de setembro, na terça e na quarta. Continuamos cautelosos e atentos às mudanças no cenário macroeconômico, especialmente o americano. Assim, reiteramos que a palavra de ordem é cautela", afirma Oltramari.
Amanhã sai o resultado do IGP-DI de setembro. No dia seguinte, é a vez de ser conhecido o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE.
O IPCA é o índice oficial utilizado pelo Banco Central para monitorar a meta de inflação do governo. A expectativa é que o índice de preços aponte alta de 0,20% em setembro, contra 0,28% em agosto.
Se o IPCA mostrar resultado muito menor que as projeções, pode aumentar a pressão no mercado pelo fim do ciclo de alta na taxa básica da economia, a Selic, que está em 13,75%.
Na semana passada, apesar das intensas oscilações que marcaram os mercados de ações e de câmbio, o segmento de juros se manteve relativamente tranqüilo.
O que se viu nos pregões da BM (Bolsa de Mercadorias & Futuros) foi o recuo nas taxas futuras nos contratos mais negociados. No contrato que vence na virada do ano, a taxa caiu na semana de 14,03% para 14%. No papel com resgate em janeiro de 2010, a taxa recuou de 14,66% para 14,54% na semana.
Na sexta-feira, o IBGE fará outra importante divulgação, que é a pesquisa industrial de emprego e salário.
Mas, como o cenário externo segue muito turbulento, é mais fácil o mercado brasileiro seguir de perto as oscilações internacionais do que ficar repercutindo dados domésticos.
"O comportamento do mercado na semana estará ligado diretamente à implementação do pacote [de socorro americano]", diz Décio Pecequilo, operador sênior da TOV Corretora.