O governo da Alemanha anunciou neste domingo (05/10) que garantirá os depósitos dos clientes particulares, enquanto luta para evitar a falência do gigante hipotecário Hypo Real Estate (HRE), pelas conseqüências que a quebra poderia ter sobre o conjunto da economia nacional.
Para evitar o pânico, o porta-voz do ministério das Finanças, Torsten Albig, anunciou oficialmente que o Estado garantirá todos os depósitos de correntistas particulares.
A chanceler alemã Angela Merkel afirmara um pouco antes à imprensa: "Dizemos a todos os titulares de contas que seus depósitos estão seguros. O governo federal garante".
O governo trabalha para garantir a sobrevivência do grande banco hipotecário Hypo Real Estate para que "a crise de uma instituição não se transforme na do sistema inteiro", nas palavras de Merkel.
O tempo é cada vez mais curto, já que, segundo analistas, a quebra do HRE, que seria a primeira de um grande banco alemão provocada pela crise financeira internacional, poderia causar uma reação em cadeia em todo o sistema financeiro do país.
Os representantes do ministério alemão das Finanças, do BAFIN (autoridade alemã dos mercados financeiros) e do Bundesbank se encontraram neste domingo (05/10) para uma reunião de crise sobre o futuro do HRE, depois que um consórcio bancário desistiu de um plano de resgate de 35 bilhões de euros (48 bilhões de dólares) no sábado.
Os negociadores têm até a abertura das bolsas asiáticas na manhã de segunda-feira para encontrar uma solução de emergência para o HRE, cotado na Bolsa de Frankfurt.
O consórcio de bancos envolvido na operação se negou a fornecer as linhas de liquidez previstas, segundo um comunicado de HRE, que estudará as alternativas a este revés.
O plano consistia em um aporte imediato de liquidez por parte dos bancos e do Banco Central Europeu, assim como em uma garantia de 35 bilhões de euros.
Enfrentado grandes problemas financeiros desde a concordada do banco de investimentos americano Lehman Brothers em setembro, o HRE precisaria de 20 bilhões de euros antes do fim de semana, 50 bilhões de euros antes do fim do ano, e entre 70 e 100 bilhões antes do fim de 2009, segundo as conclusões do Deutsche Bank reveladas pelo jornal Welt am Sonntag.
Berlim tenta pressionar especialmente os bancos privados sob o argumento de que o setor financeiro é responsável pela crise financeira e deve resolver a mesma, mas tampouco se descarta a hipótese dos círculos financeiros pressionarem para que o Estado se comprometa mais no resgate do HRE.
O ministro das Finanças, Peer Steinbrück, afirmou que o HRE deve ser estabilizado porque, caso contrário, "os danos seriam importantes não apenas para a República Federal da Alemanha, mas também para vários serviços financeiros com os quais mantemos vínculos na Europa", completou.
Na Europa, os meios financeiros esperam ansiosos a reação dos mercados na segunda-feir (06/10) a à aprovação do plano de resgate financeiro nos Estados Unidos e aos resultados da minicúpula de França, Alemanha, Grã-Bretanha e Itália, que não elaborou um plano conjunto para enfrentar a crise.
As grandes economias da União Européia (UE) anunciaram medidas para enfrentar a crise, como o apoio às instituições financeiras do continente, mas sem recorrer a um plano de resgate conjunto.
O encontro reavivou o debate sobre as condições da intervenção pública e a aplicação dos critérios do Tratado de Maastrich.
Os chefes de Estado e Governo reunidos também prometeram punir os dirigentes de instituições financeiras responsáveis pela crise.