Jornal Correio Braziliense

Economia

Para Mantega, falta de crédito é a maior conseqüência da crise

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A maior conseqüência da crise econômica norte-americana para o Brasil é a falta de crédito, principalmente para exportação, além de uma reação das instituições financeiras, que também estão reduzindo o crédito. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (03/10) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, após participar de encontro com empresários da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo o ministro, a fase atual da crise é aguda e passageira. O papel das autoridades é aumentar a liquidez do sistema. Nós estamos irrigando o sistema já estamos irrigando com dólares, com os leilões que estão sendo feitos pelo Banco Central. Ele reforçou que o governo está disposto a recorrer a outros instrumentos, caso seja necessário, e que poderá também usar as reservas de maneira criativa, para irrigar o crédito, e diminuir o compulsório, para que as instituições financeiras maiores possam comprar carteiras das menores. Mantega não quis adiantar quais seriam as maneiras criativas de usar as reservas, mas citou como exemplo o leilão de dólares como forma de manter as reservas no mesmo patamar, porém dando mais liquidez s linhas de crédito internacional. Quero deixar muito claro que não há problema de solvência na economia brasileira, e sim problemas de liquidez, por causa dessa fase aguda da crise. Se a liquidez for recomposta, está tudo bem porque as instituições não têm ativos podres. Mesmo as instituições médias e pequenas, que neste momento têm mais dificuldade, têm boas carteiras. Podem ter alguma dificuldade momentânea, então, o governo vai liberar compulsórios para os bancos que quiserem comprar. O ministro lembrou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar este ano R$ 90 bilhões em crédito, o que está sendo feito gradativamente. Claro que a demanda subiu porque houve uma restrição de linhas internacionais e de IPO [menos oferta deações no mercado], então aumentou a demanda sobre o BNDES. Ele disse acreditar que a restrição ao crédito feita pelo setor privado seja temporária, porque a tensão existente no mercado internacional deve diminuir com o pacote econômico do governo dos Estados Unidos, que já foi aprovado pelo Congresso americano, e com o pacote que está em elaboração pela União Européia. Nós sairemos do stress, as linhas serão reativadas, talvez não na mesma dimensão atual, mas o suficiente para dar crédito e manter o comércio internacional brasileiro no mesmo patamar. Mantega repetiu várias vezes que as exportações brasileiras não estão sendo atingidas ou prejudicadas e que o governo está mantendo o ritmo de exportações e de importações.