O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira (03/10) que a oferta de crédito é o principal problema gerado pelo agravamento da crise financeira dos Estados Unidos. Ele garantiu, no entanto, que o governo tomará todas as medidas necessárias para que a economia brasileira continue crescendo.
"Temos procurado aumentar o crédito e temos medidas ainda para serem tomadas. O BC (Banco Central) tem feito leilões em dólares. (...) Vamos tomar todas as medidas para garantir que a economia continue crescendo, estimulando o mercado interno e a oferta de crédito", disse Mantega a um grupo de empresários na sede da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), em São Paulo.
Mantega negou que os bancos brasileiros passem por dificuldades. Ontem, o BC divulgou a flexibilização dos depósitos compulsórios dos bancos, que pode injetar mais R$ 23,5 bilhões no mercado. A medida permite que as instituições financeiras façam o abatimento de até 40% do recolhimento compulsório incidente sobre depósitos a prazo, como CDBs.
"Quero deixar claro que não há problemas de solvência, mas de liquidez nessa fase crítica. Se você recompuser a liquidez, tudo bem. Porque não há ativos podres. Mesmo instituições médias e pequenas, que neste momento tem mais dificuldades, têm boas carteiras".
Mantega destacou a importância de o Brasil enfrentar a crise financeira dos EUA com reservas de R$ 200 bilhões. Ele afirmou, no entanto, que "há maneiras criativas de mexer nas reservas" para dar maior liquidez ao mercado.
"Há maneiras criativas de mexer nas reservas, como os leilões de compromissados do BC, em que o dólar é devolvido em 30 dias e mantém o fluxo de reservas. Há outras maneiras semelhantes a essa que podem ser feitas de moda a manter as reservas em um patamar e dar maior liquidez as linhas de crédito internacional, que é onde está o problema".
Segundo Mantega, a crise financeira não deve ter uma solução imediata, mas que o momento de estresse é passageiro. Para ele, a aprovação do pacote de salvamento dos bancos americanos na Câmara vai trazer alívio.
"O estresse, essa situação aguda é passageira. Devemos sair (dela) tão logo seja aprovado o pacote. A União européia também precisa de um pacote e estão preocupados".
Sobre a desvalorização do real frente ao dólar, Mantega afirmou que dificilmente voltará aos patamares "do passado". "O cambio não voltará aos patamares do passado. Ele é flutuante e se situará em um ponto mais adequado".