Jornal Correio Braziliense

Economia

Economista comenta medidas do BC e diz que objetivo é atender falta de recursos localizada

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As medidas adotadas pelo Banco Central nos últimos dias têm o objetivo de atender dificuldades localizadas de falta de recursos no mercado bancário. A afirmação é do economista Roberto Padovani, do Banco WestLB do Brasil. Para Padovani, a medida anunciada ontem à noite de alterações no recolhimento compulsório (parcela de recursos que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central), em títulos públicos federais, incidente sobre depósitos a prazo, atende a pequenas instituições financeiras em dificuldades de acesso a recursos. A crise financeira tem dificultado a captação de recursos pelos bancos no exterior. Segundo o BC, só podem ser compradas carteiras de crédito de bancos com patrimônio de R$ 2,5 bilhões, ou seja, pequenas instituições. Para os grandes bancos, a vantagem é a redução do valor que eles têm que recolher ao BC. Na avaliação de Padovani, a última medida do BC segue a mesma linha da regra adotada no dia 24 de setembro de ampliação de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões de dedução à exigibilidade (compulsório) adicional para as instituições financeiras sobre depósitos a prazo, de poupança e recursos à vista. A idéia também era atender pequenos bancos. Nesse mesmo dia, também foi adiado o prazo de recolhimento compulsório sobre os depósitos de empresas de leasing. ;O Banco Central está atuando quando há problemas de liquidez [dificuldade de transformar ativos em dinheiro];, avaliou Padovani. No caso do dólar, que ontem superou R$ 2, o BC não voltou a vender as divisas, como vez em outras duas situações de alta da moeda estrangeira. ;O Banco Central tem acesso a muito mais informações. Ele não observa somente a alta da moeda, mas verifica se há escassez de recursos. E ontem, não faltou dólar;. Segundo Padovani, a alta do dólar foi ;puxada; pelo aumento da cotação da moeda no mundo. Nos dias 19 e 26 de setembro deste ano, o BC realizou leilões, com compromisso de compra, no valor total de US$ 1 bilhão. Depois do agravamento da crise financeira internacional, o BC também divulgou uma medida de caráter preventivo. Foi lançado um edital de audiência pública para analisar proposta do BC de criação de áreas de análise de risco para a concessão de crédito em todas as instituições financeiras.