Após quatro meses de perdas, os investidores aproveitam um momento de "trégua" na crise voltar às compras na jornada desta sexta-feira da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Analistas esperam que a deterioração da economia americana deve pressionar os legisladores americanos para aprovarem o pacote de resgate financeiro, apesar das resistências na Câmara dos Representantes.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, ganha 3,41% e bate os 47.720 pontos. O giro financeiro é de R$ 1,56 bilhão.
O dólar comercial é cotado a R$ 2 na venda, em decréscimo de 0,79%. A taxa de risco-país marca 342 pontos, número estável sobre a pontuação anterior.
As Bolsas européias e americanas operam com ganhos significativos, sinalizando o novo ânimo do mercado. A Bolsa de Londres valoriza 2,50%, enquanto o mercado de Frankfurt registra acréscimo de 2,24%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York tem alta de 2%.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que foram eliminadas 159 mil vagas no país em setembro, o que marca o nono mês consecutivo de perda líquida de postos de trabalho no país. Trata-se da maior queda desde março de 2003. Analistas do setor financeiro contavam com um perda de 95 mil vagas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 6,1%, mesma de agosto.
Os números confirmam a advertência feita ontem pelo presidente dos EUA, George W. Bush, de que a crise financeira começa a atingir o lado "real" da economia (setor produtivo e consumo), principalmente o mercado de trabalho.
Ontem, o mercado reagiu bastante mal a dois dados que mostraram a desaceleração do crescimento econômico dos EUA: as encomendas às indústrias tiveram uma queda de 4% em agosto, a pior em dois anos; a procura pelos benefícios do auxílio-desemprego atingiu seu maior patamar desde 2001.
Para analistas, os números desfavoráveis da economia americana funcionam como uma pressão adicional sobre os legisladores americanos para que aprovem o plano de resgate financeiro.
Na quinta-feira, profissionais das mesas de operações de bancos e corretoras comentavam sobre o temor de uma demora ainda maior para aprovação do pacote. Nesse cenário, o projeto de lei seria aprovado entre os deputados, mas com modificações, o que obrigaria o retorno para o Senado, antes de seguir para sanção presidencial.
Uma corrente mais otimista dos analistas apostava em um mercado bem menos volátil após a aprovação do pacote anticrise. E via o retorno dos investidores às compras, após a Bolsa acumular quatro meses consecutivos de desvalorização.