Jornal Correio Braziliense

Economia

Fundo Monetário Internacional divulga estudo sobre a crise financeira

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Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta quinta-feira (2/10), ao divulgar um estudo sobre crises financeiras, que a probabilidade de haver um desaquecimento econômico pronunciado nos Estados Unidos é alta, mas que a zona euro estaria um pouco mais protegida de uma queda brutal. O FMI fez uma comparação entre a crise atual e as crises anteriores, ressaltando que os "períodos de turbulências financeiras caracterizadas por dificuldades no setor bancário são mais suscetíveis de virem acompanhadas de fases de desaquecimento econômico severas e prolongadas". A instituição multilateral considerou "particularmente crucial que os poderes públicos adotem medidas enérgicas para favorecer o restabelecimento dos fundos próprios no sistema financeiro". "A importância do papel dos intermediários financeiros na transmissão dos choques financeiros para a economia real sugere que as políticas econômicas que ajudam a restaurar os fundos próprios destas instituições, num sistema de estabilização financeira, podem contribuir para atenuar a reviravolta da conjuntura", segundo o FMI Comentando a crise atual, os economistas do FMI destacaram que "a reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão. A análise para a zona euro indica um cenário de desaquecimento, mais do que um cenário de recessão, e os dinamismos parecem evoluir com um pouco de defasagem". Esta diferença se deve principalmente ao comportamento das famílias: os americanos economizam muito menos que os europeus, segundo o Fundo. "Nos EUA, os perfis dos preços dos ativos, do crédito total e do endividamento líquidos das famílias parecem similares aos dos episódios anteriores que foram seguidos de recessão", detalhou o FMI. "O tamanho do mercado hipotecário americano, que está no centro da crise, e o papel do investimento sugerem que a economia das famílias e os comportamentos delas de consumo podem desempenhar um papel muito mais importante no desaquecimento atual do que teve no passado", escreveram seus economistas. Este estudo está incluído nos capítulos analíticos das "Perspectivas econômicas mundiais", que o FMI divulgará na quarta-feirak pouco antes de sua tradicional reunião de outono (boreal) em Washington. Nesta ocasião, o Fundo provavelmente extrairá suas conclusões da intensificação da crise nos mercados, rebaixando suas previsões de crescimento para o mundo, em particular para os Estados Unidos. Até o fim de agosto, o FMI prevía um crescimento nos Estados Unidos de 1,3% em 2008, mas estimava que em 2009 não deveria superar 0,7%. Para a zona do euro, o FMI corrigiu suas previsões para 1,4% em 2008 (contra 1,7% até então) e previa 0,9% para 2009 (contra 1,2% até então). Dessa maneira, para a zona euro, o vigor relativo dos balanços das famílias coloca a economia do continente "um pouco ao abrigo de uma desaceleração brutal". "A vulnerabilidade da zona euro pode ser também um pouco reduzida pelo fato de que os sistemas financeiros em inúmeros países tendem a ser menos desregulados que nos EUA", acrescentou o FMI, que ressalta as diferenças entre países, com um crescimento do crédito muito mais forte na Irlanda ou na Espanha do que em outros países e, particularmente, na Alemanha.