A ordem no governo é esperar o desenrolar da turbulência nos mercados financeiros antes de definir medidas que poderão ser anunciadas no país para enfrentar a crise originada nos EUA. Em reunião no Planalto, os ministros que integram o grupo de coordenação política do governo reconheceram, no entanto, que essa crise teve desdobramentos não previstos anteriormente pela equipe econômica.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia afirmado que o Brasil "não vai ter pacote econômico" por conta da crise financeira iniciada nos Estados Unidos. "Não vai ter pacote. (A situação) está tranqüila", afirmou o presidente depois de reunião com os ministros.
Participaram desta reunião os ministros da Justiça, Tarso Genro; da Fazenda, Guido Mantega; do Planejamento, Paulo Bernardo; da Casa Civil, Dilma Rousseff; da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci; da Comunicação Social, Franklin Martins; e das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Os ministros da coordenação política classificaram a recente crise econômica como a mais grave dos últimos anos. Apesar de reconhecerem o poder negativo da crise, eles avaliaram que a economia brasileira terá condições de enfrentar a turbulência internacional.
Os ministros da área econômica tranqüilizaram o presidente Lula, durante a reunião, sobre a possibilidade da turbulência atingir o mercado interno. Mas reconhecem que, indiretamente, o país pode sofrer impactos da crise --embora a equipe econômica avalie que as contas brasileiras estão em ordem, as exportações em nível crescente e as reservas em alta no Banco Central.
Mesmo otimista em relação aos impactos da crise, ministros da coordenação política reconheceram que a crise atingiu patamares mais graves que os previstos inicialmente. Por esse motivo, a equipe econômica vai acompanhar os desdobramentos da turbulência internacional numa espécie de "monitoramento" da crise.
Mudança de tom
Ontem, em Manaus (AM), Lula reconheceu pela primeira vez que a crise norte-americana é grave. O presidente destacou sua preocupação com a falta de crédito no Brasil como um dos possíveis reflexos da crise dos Estados Unidos. Apesar da preocupação, Lula afirmou que não existia um "gabinete de crise", mas disse que tem se reunido sistematicamente com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e os ministros da Fazenda, Mantega e do Desenvolvimento, Miguel Jorge.