A valorização da moeda americana frente ao real nos últimos três meses - de 22,9% - é a terceira maior variação do dólar em todo a existência do Plano Real (junho de 1994), mostra levantamento da consultoria Economática.
A pesquisa leva em conta as oscilações da Ptax, a taxa média de câmbio calculada pelo Banco Central. No primeiro trimestre de 1999, a taxa de câmbio subiu 42,5%, quando ocorreu a mudança do regime cambial do país e a taxa passou de R$ 1,2 para R$ 1,9 (no pico do período) bruscamente.
A segunda maior disparada do câmbio - 36,9% - ocorreu no terceiro trimestre de 2002, período de transição política (pré-eleitoral) e de crise no cenário externo.
"A valorização do dólar nesse trimestre deve trazer conseqüências negativas nos resultados das empresas de capital aberto no terceiro trimestre deste ano", afirma a consultoria, devido aos efeitos da oscilação cambial sobre as despesas financeiras.
Na semana passada, Sadia e Aracruz admitiram perdas devido ao impacto da valorização do dólar em suas aplicações financeiras. A fabricante de alimentos revelou prejuízo de R$ 760 milhões, levando suas ações a despencarem mais de 30% num só dia.
Investidores ainda temem que mais empresas reconheçam prejuízos com o câmbio. Por esse motivo, várias companhias têm comunicado ao mercado que adotam práticas "conservadoras" em sua gestão de riscos financeiras e que evitam ficar expostas à flutuação dos preços da moeda americana.