A Claro e a Vivo lançaram, finalmente, o iPhone 3G no Brasil. Em BrasÃlia, e em mais 11 capitais, as duas operadoras organizaram eventos simultâneos e venderam, simbolicamente, o aparelho depois da meia-noite da sexta-feira passada. Mas a notÃcia não é motivo para euforia. O aparelho tão esperado chegou como o mais caro do mundo e em menor número do que a demanda inicial. A primeira leva de telefones que chega de forma oficial ao paÃs é de 230 mil. Divididos em 200 mil para a Vivo e 30 mil para Claro, os iPhones para os brasileiros custarão quase o dobro do que é pago no vizinho Uruguai, por exemplo. Enquanto o aparelho de 8GB por aqui sai R$ 1.499 no plano mais em conta, o iPhone 50, da Vivo, que dá direito a 50 minutos de ligação e 250MB de tráfego e sai por R$ 62, no paÃs vizinho o celular custa R$ 820, com uma mensalidade de R$ 63. E esse quadro não é uma exceção.
Ao comparar o preço do iPhone 3G vendido aqui com o que está sendo praticado no Chile, por exemplo, o susto é ainda maior. Aqui se paga três vezes mais do que desembolsam os chilenos. Para os clientes que optaram pelos planos mais baratos, equivalentes aos pesquisados pelo Correio nos paÃses vizinhos, o celular com 16GB de memória custa R$ 1.789, na Vivo, e R$ 1.999,50, na Claro. Já em Santiago, o valor é R$ 620. Em relação ao aparelho com menos capacidade (8GB), os conterrâneos de Zamorano e Allende investem R$ 551, contra R$ 1,5 mil na Vivo e R$ 1,7 mil na Claro.
O presidente da Claro, João Cox, diz que o alto preço cobrado pelo aparelho é fruto de toda a carga tributária que a importação de produtos eletrônicos sofre ao desembarcar em terras tupiniquins. ;É ICMS, importação, aduana. O Brasil é um paÃs singular. Aqui, um celular paga mais imposto do que revólver e cachaça;, compara o executivo, afirmando que o preço cobrado pela operadora é o mesmo dos Estados Unidos. ;Se pegarmos o nosso preço e tirarmos os subsÃdios e os tributos e taxas cobrados pelos governos federal e estaduais é o preço dos EUA;, acentua.
Para o diretor-técnico do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, João Elói Ollenike, o alto valor do iPhone não pode ser creditado somente à carga tributária, mesmo lembrando que o celular paga muitos impostos por estar classificado como um produto supérfluo. ;Acredito que 60% da diferença entre o valor cobrado no Brasil (R$ 1.389 na Vivo e R$ 1,6 mil na Claro) e nos Estados Unidos (US$ 199 ou R$ 363) seja por causa dos tributos, que incluem os custos com o desembaraço aduaneiro, IPI, ICMS, PIS e Confins, entre outros. Mas o restante é ganho, margem de lucro das empresas;, acredita João.
O Brasil não só ficou para uma das últimas datas de lançamento da Apple, que chegou, agora, a 72 paÃses, como também ficou lá atrás no ranking do preço. Em uma pesquisa dos valores praticados nos lugares onde o iPhone é vendido oficialmente, a Holanda é a dona do consumidor mais feliz. Um levantamento feito entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro revelou que o holandês paga pelo celular com 8GB um euro, no plano mensal que sai por R$ 107,80. O cliente da Vivo, no plano iPhone 90, tem de gastar R$ 1.380. Já o cliente Claro, no plano iPhone 300, de R$ 114,90, precisa desembolsar R$ 1,6 mil.
E em relação ao pré-pago, o brasileiro também tem de gastar mais. O consumidor das Filipinas, por exemplo, que não quiser se fidelizar à Globe Telecom, operadora local, pagará R$ 1.340 e R$ 1.560 nos iPhones de 8GB e 16GB, contra R$ 2,3 mil e R$ 2,6 mil na Claro e R$ 1,9 mil e 2,2 mil na Vivo. E por lá, com um plano mensal de R$ 178, o consumidor ainda leva o aparelho de 8GB de graça. No Brasil, pagando quase R$ 20 a mais, o cliente gasta R$ 1.249 na Vivo. Na Claro, com uma mensalidade mais barata, R$ 137,90, o telefone sai por R$ 1,5 mil. (Colaborou Fernando Braga)
iPHONE PELO MUNDO
PAÃS - 8GB - 16GB - PLANO
Brasil (Vivo) 1.389 1.669 114
Brasil (Claro) 1.599,50 1.899,50 114,90
Argentina 850 1.080 64
Equador 323 534 130
Estados Unidos 327 492 115
México 127 298 23
Inglaterra 292 469 103
Finlândia 123 396 189
Japão 351 527 91
Austrália 264 432 96
Obs.: Valores em reais
Ouça depoimentos de brasilienses sobre o iPhone 3G