Apesar da queda de 9,36% apenas no pregão desta segunda-feira (29/09, a Bolsa de Valores de São Paulo ainda está apenas voltando a um patamar mais próximo da realidade, na opinião do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
Segundo Gonçalves, o nível do índice Bovespa era insustentável e agora a bolsa está voltando à normalidade, após alguns meses de extrema valorização.
"Tivemos meses de glória", diz Gonçalves, referindo-se ao período de forte valorização das commodities que levou a Bovespa a picos de 70 mil pontos. "Vivemos um cenário irreal e agora estamos voltando à realidade."
Segundo o economista, a negativa do Congresso americano em aprovar o pacote de ajuda a instituições financeiras acabou precipitando uma queda abrupta na Bovespa, mas que seria inevitável a médio prazo.
"Os preços ainda devem passar por uma acomodação, e a apreensão deve continuar nos próximos dias", afirma.
Pacote
Na avaliação de Gonçalves, agora que o pacote de socorro nos Estados Unidos foi negado pela Congresso, o grande temor é que a crise saia da esfera dos bancos de investimento e atinja os grandes bancos de varejo.
"Se isso acontecer, aí sim o credito ficará suspenso em nível mundial", afirma o economista. Gonçalvez diz acreditar, porém, que alguma forma de ajuda será aprovada pelo Congresso americano, ainda que com ajustes.
A avaliação do mercado é de que, neste momento, seria inviável politicamente deixar que aumente a lista de instituições em perigo. "Até mesmo a oposição vai sentir que o momento é delicado", conclui o economista.