Pode parecer miragem, mas não é. Abastecer o carro em Brasília está mais em conta. Em alguns postos, é possível encontrar o álcool a R$ 1,29 e a gasolina a R$ 2,18.
Os preços são próximos dos praticados em postos de São Paulo, cidade vizinha de boa parte da produção de cana do Brasil e onde os combustíveis são tradicionalmente mais baratos que no Distrito Federal. De acordo com os dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), 6% do orçamento do morador da capital da República são gastos para manter o tanque cheio. No Brasil, o peso no bolso é menor e esse percentual cai para 3,85%.
Em Brasília, o consumidor precisa se acostumar a um sobe- e-desce sem fim de preços (veja quadro). Guerras forçam alguns postos a baixar o valor cobrado pelo litro de combustível e levam muitos consumidores a formar filas. Vale tudo para garantir uma economia. A melhor estratégia é, como sempre, a pesquisa de preços. No Plano Piloto, onde a renda é mais alta, normalmente sai mais barato abastecer o carro. Os postos dos eixos W e L da Asa Norte são os que mais disputam clientes a centavos.
Nas cidades mais afastadas, no entanto, o preço é mais salgado porque a concorrência é menor. A diferença entre os postos chega perto da casa dos 20%. É por isso que, ao calcular o preço médio de cada combustível, o IPC-S acaba divulgando um valor mais alto que o visto por muitas pessoas que circulam pelas avenidas do Plano Piloto, onde os combustíveis costumam custar menos.
Escala
Quem depende do carro para circular pela cidade, isto é, aproximadamente 1 milhão de pessoas, aprende rapidamente onde pagar menos e sente no bolso as reduções nos preços em determinadas épocas do ano. Uma delas acontece agora. Dados do IPC-S divulgados na quarta-feira e medidos até o dia 22 mostram que a gasolina caiu 3,76% em 30 dias. O álcool registrou queda ainda mais expressiva no mesmo período: 9,91%. Tudo isso beneficia, mesmo que em menor escala, os bolsos dos consumidores que, este ano, chegaram a pagar R$ 2,69 no litro de gasolina no DF.
Os preços dos combustíveis em Brasília despencaram com mais força que em São Paulo, capital onde a gasolina teve redução de 0,06% em um mês e o álcool subiu 0,88%. Como esses itens em Brasília pesam muito no bolso dos moradores da cidade, eles ajudaram a puxar o IPC-S da capital federal para uma taxa negativa de 0,13%. No grupo de transportes, os combustíveis foram responsáveis por boa parte da queda de 1,98% registrada.
Para André Braz, são os combustíveis que ainda podem sofrer mudanças dentro dessa categoria até o fim do ano. No entanto, os consumidores não precisam se preocupar muito, alerta o economista. Os preços, declara, não devem subir muito até dezembro mesmo que o barril de petróleo supere os US$ 106,89 atingidos ontem na Bolsa Mercantil de Nova York. ;A Petrobras não vai encontrar espaço para aumento de preços até porque ela certamente trabalha com uma margem de segurança;, afirma. ;Além disso, o governo está perseguindo uma meta de inflação;, acrescenta. Um reajuste nos combustíveis seria, nesse caso, ruim não apenas para os consumidores mas também para a equipe econômica de Lula.