A piora na crise de crédito no mercado internacional já afeta as linhas para as empresas brasileiras no exterior. Segundo dados do Banco Central, nos primeiros 15 dias de setembro, houve uma queda de 2,6% nos dólares captados por meio de empréstimos externos. A alta do dólar, no entanto, compensou parte desse efeito.
Segundo o BC, a desvalorização do real em cerca de 10% no período fez com que as linhas de financiamento crescessem 7,8% em reais. Ou seja, entraram menos dólares no país, mas esses dólares puderam ser trocados por mais reais devido ao movimento nas cotações do câmbio. Outro fator importante, segundo o BC, é que esse crédito externo ainda tem uma baixa participação no crédito geral para empresas (R$ 80,7 bilhões de um total de R$ 628,6 bilhões).
Com isso, na primeira quinzena de setembro, o crédito para pessoa jurídica avançou 3,9%, resultado da queda de 2,6% no mercado externo e avanço de 2,8% no mercado interno. No caso das pessoas físicas, o crescimento foi de 0,9% no início de setembro. Na média (PF PJ), o crédito avançou 2,6% no período.
Medidas
Para reduzir os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira e ajudar as empresas em dificuldade para obter recursos, na última quarta-feira, o Banco Central mudou as regras para os depósitos compulsórios das instituições financeiras.
A primeira medida posterga o recolhimento compulsório sobre leasing; a segunda, ajuda o acesso a crédito por bancos médios e pequenos. Após o anúncio do BC na quarta-feira, o presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, afirmou que a crise bancária internacional está reduzindo as linhas para financiamento de comércio exterior, mas ainda não considera que haja uma situação crítica.
Juros
Os juros bancários voltaram a subir no começo de setembro, segundo dados parciais do BC.
A taxa média de juros passou de 40,1% no final de agosto para 40,4% ao ano até o dia 15. Para pessoa física, os juros subiram de 52,1% para 52,8% ao ano. Para as empresas, avançou de 28,3% para 28,4% ao ano.
Os juros voltaram aos patamares registrados há dois anos. Esse movimento se deve, principalmente, ao aumento da taxa básica de juros, que começou o ano em 11,25% e chegou a 13,75% ao ano no início de setembro.
Além disso, houve aumento do "spread" bancário (a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes), que passou de 26,2 pontos percentuais no final de agosto para 26,4 pontos na primeira quinzena de setembro.