Apesar de o governo garantir que a disputa em torno das usinas do rio Madeira está sob controle, o presidente de Furnas Centrais Elétricas, Luiz Paulo Conde, disse nesta quinta-feira (25/09) que o consórcio Madeira Energia - integrado por Furnas, Odebrecht, Cemig, Andrade Gutierrez e um fundo formado pelos bancos Banif e Santander - ainda pretende questionar a alteração do projeto da usina de Jirau, caso a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprove a mudança no local de construção da usina.
"Furnas continua questionando. Não se pode modificar edital na véspera, modificando o eixo em 12,5 quilômetros. Isso é uma questão de honra", afirmou.
O consórcio Madeira Energia alega que o projeto de Jirau foi alterado em 12,5 quilômetros. Já o consórcio Energia Sustentável - formado pela Suez, Camargo Corrêa, Chesf e Eletrosul -- sustenta que as barragens serão construídas a 9 quilômetros de distância, sem grandes prejuízos ao meio ambiente.
No mês passado, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), garantiu que os consórcios envolvidos na questão haviam entrado em acordo, e que não haveria mais disputa judicial. "Eles assumiram um compromisso comigo no sentido de aguardar uma decisão da Aneel e do Ibama. Eles serão obedientes a essas decisões", declarou.
Conde confirmou seu afastamento da direção da empresa por motivos de saúde. A carta de demissão foi entregue ao ministro Edison Lobão (Minas e Energia) na última segunda-feira. Para o lugar de Conde, foi indicado o engenheiro Carlos Nadalutti, funcionário de carreira da companhia, indicado pelo PMDB. Ele deverá ser conduzido à presidência em reunião do Conselho da companhia no próximo dia 3.
Para Conde, o futuro presidente deverá manter a mesma postura de "defesa dos interesses da empresa". Ele explicou que Furnas, que é minoritária no projeto, será solidária à decisão do consórcio.
"Seríamos solidários. O governo Lula não pode aceitar certas situações que foram feitas nesse edital", observou.
Em maio deste ano, o consórcio liderado pela Suez ganhou o leilão para construir e operar Jirau. Após o leilão, o consórcio informou que a redução de custos da usina que permitiu a proposta vencedora seria proporcionada por mudança no projeto original, como o deslocamento das barragens em 9,2 quilômetros. Esse procedimento vem sendo contestado desde então, e será julgado pela Aneel até o próximo mês, segundo previsão do próprio diretor-geral da agência, Jerson Kelman.