O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, avaliou como positivas, mas insuficientes para evitar problemas futuros, as medidas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos para tentar contornar a crise financeira.
Para Amorim, é preciso uma intervenção maior do Estado na economia. ;É preciso acabar com esse fundamentalismo de liberdade absoluta de mercado, que tem gerado prejuízos;, defendeu.
O ministro também defendeu que órgãos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) supervisionem as economias dos países ricos.
;Essas entidades não foram criadas para supervisionar apenas países em desenvolvimento, mas para evitar crises como a de 1929, que inclusive levou à 2ª Guerra Mundial;, disse.
O ministro sugeriu que a Organização das Nações Unidas (ONU) promova uma reunião de alto nível do Conselho Econômico e Social, envolvendo ministros de diversos países para discutir a crise. ;Seria uma maneira de ter um debate amplo, democrático e responsável;.
Em relação às negociações para a retomada da Rodada Doha, Amorim disse que o Brasil já flexibilizou tudo o que poderia.
;Haviam demandas com relação ao Brasil na área de produtos industriais e foi feito dentro daquilo que era possível, aceitável, e do que foi bem recebido pela indústria brasileira;, afirmou o ministro, acrescentando que o Brasil está disposto a ajudar nas negociações, desde que haja disposição dos demais países.
Ao comentar as declarações do presidente do Equador, Rafael Correa, de que o país poderia não pagar uma dívida de mais de US$ 200 milhões com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Amorim disse que não acredita na possibilidade do calote, já que o financiamento foi feito pela Odebrecht no âmbito do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) - um instrumento que permite a compensação, pelos bancos centrais, de pagamentos decorrentes de exportações e importações entre países da região. ;Eu não conheço nenhum caso de descumprimento do CCR, seria uma imensa surpresa;, disse.