Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas em NY operam sem direção aguardando pacote de ajuda

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As bolsas americanas operam sem tendência nesta quarta-feira. Os investidores receberam com otimismo o investimento de US$ 5 bilhões do megainvestidor Warren Buffett, presidente da holding Berkshire Hathaway, no banco de investimentos Goldman Sachs, mas a tensão sobre o pacote de ajuda do governo ao setor financeiro, de US$ 700 bilhões, prossegue. Por volta das 16h (em Brasília), a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês) estava em baixa de 0,10%, indo para 10.843 pontos no índice Dow Jones Industrial Average, enquanto o S 500 subia 0,18%, para 1.190 pontos. A Bolsa Nasdaq tinha alta de 0,74%, indo para 2.169 pontos. Buffett disse que não teria feito o investimento se não estivesse confiante na aprovação do pacote, segundo a rede americana de TV CNBC. Ele disse ainda que a semana passada - quando a crise ganhou nova escala, com a concordata do banco de investimentos Lehman Brothers, a venda do Merrill Lynch ao Bank of America e o empréstimo de US$ 85 bilhões à seguradora AIG-- vai "parecer o paraíso" se o pacote não for aprovado. Da parte do governo, a necessidade do pacote ficou expressa nas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, ontem e hoje. Nos dois dias, em testemunhos a comitês no Congresso, ele afirmou que, sem o pacote, os efeitos de novas quebras como a do Lehman, a escassez de crédito e o aumento no desemprego que daí decorreriam acabaria por jogar os EUA em uma recessão. Mesmo assim, a posição dos congressistas tem sido crítica. "Mesmo em Wall Street, US$ 700 bilhões é muito dinheiro", afirmou o senador democrata Charles Schumer. O senador republicano Richard Shelby, por sua vez, disse: "Há tempos me oponho a salvamentos para indivíduos e empresas (...) Não recebemos nenhuma garantia digna de crédito de que esse plano vá funcionar. Podemos bem mandar US$ 700 bilhões, ou US$ 1 trilhão, e não ver a crise resolvida." Texto final A demora em ver o texto final do pacote elaborado tem deixado os investidores nervosos; a preocupação é que acréscimos ao pacote, como limitações nas remunerações de executivos das empresas beneficiadas pela ajuda do governo e supervisão do Congresso acabem por desestimular a adesão ao plano, tirando eficácia da medida. "Acho que estamos vendo uma porção de palavras duras dos políticos (...) No momento os investidores estão excepcionalmente nervosos", disse o executivo-chefe do Pacific Growth Equities em San Francisco, Stephen Massocca. "O mercado está essencialmente empatado hoje e estamos começando a ver movimentos preocupantes nos juros de curto prazo de novo; acho que isso se deve às dúvidas sobre o que vai ser o pacote", disse Massocca.