Jornal Correio Braziliense

Economia

Brasil é 5° melhor país do mundo para se investir, afirma Unctad

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O Brasil é o quinto país mais atrativo no mundo para se investir, após conseguir captar US$ 35 bilhões em 2007, diz o Relatório sobre Investimento Mundial da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) divulgado nesta quarta-feira (24/09). A entidade, porém, ressalta ser importante considerar que o atual relatório foi feito entre abril e junho deste ano, três meses antes do ápice da atual crise financeira. O país foi o que mais recebeu investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina no ano passado. Segundo o relatório da Unctad, os países latino-americanos mais atraentes para os investidores continuarão sendo Brasil, México e Chile. Os altos preços do petróleo e das matérias-primas estimularam o crescimento do investimento estrangeiro na América Latina e no Caribe, afirma a Unctad. O IED cresceu 36% em 2007 em relação ao ano anterior e ficou em US$ 126 bilhões. Apesar do aumento a região atrai apenas 8% do IED mundial. O relatório deixa clara a incerteza sobre o que acontecerá na América Central e no Caribe por causa de seus estreitos laços com a economia dos Estados Unidos, atualmente em declive e enfrentando a pior crise financeira desde a década de 1930. No mundo, o IED chegou ao nível recorde de US$ 1,8 trilhão em 2007, aumento de 30% em relação ao ano anterior. Porém, em razão da crise financeira global a tendência de crescimento se reverterá nos próximos dois anos, afirma a Unctad. O resultado do IED superou em US$ 400 bilhões o último nível histórico, registrado em 2000. "É uma grande notícia este grande fluxo apesar da crise financeira global que já era anunciada no ano passado", declarou o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi, ao apresentar o relatório. O crescimento foi percebido em todas as regiões do mundo e nos três subgrupos econômicos: os países desenvolvidos, os países em desenvolvimento e as economias em transição do Leste Europeu e da Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Os países desenvolvidos foram de novo os que mais receberam IED (US$ 1,2 trilhão), liderados pelos EUA. "Os EUA se beneficiaram com o dólar baixo para atrair investimentos", afirmou Panitchpakdi. No entanto, o IED recebido pelos países em desenvolvimento registrou o nível mais alto da história (US$ 500 bilhões), expansão de 21% em comparação a 2006. Segundo os especialistas da Unctad, os níveis sem precedentes de fusões e aquisições além das fronteiras, que refletem o prolongamento da tendência da consolidação das empresas, contribuíram substancialmente para o notável aumento do IED mundial. No entanto, este processo desacelerará nos próximos meses como aconteceu no primeiro semestre deste ano, quando o arrefecimento da economia e as turbulências financeiras provocaram crise de liquidez nos mercados monetários. No primeiro semestre o valor das transações internacionais foi 29% menor que o ano anterior. Considerando esses dados e a informação fornecida pelas empresas e divulgadas no Relatório sobre Investimento Mundial da Unctad, estima-se que o IED ficará em US$ 1,6 trilhão em 2008, o que representaria queda de 10% em relação a 2007. O documento também analisa a importância das infra-estruturas no desenvolvimento do país e os investimentos além das fronteiras nessa área. Panitchpakdi disse que geralmente os países em desenvolvimento não investem o que deveriam em infra-estrutura. "Há uma brecha substancial", disse o secretário-geral da Unctad, que expressou sua esperança de que o investimento estrangeiro aumente. Por outro lado, o relatório cita a crescente importância dos fundos soberanos, que têm acumulado rapidamente reservas nos últimos anos e atualmente controlam, segundo estimativas, ativos superiores a US$ 5 trilhões. Embora os investimentos soberanos em IED sejam mínimos, considerando que representa 0,2% do total de seus ativos, os analistas da Unctad afirmam que esta modalidade de investimento aumentará nos próximos anos.