A Bolsa de Valores de São Paul (Bovespa) voltou a fechar com queda acentuada, logo na abertura desta semana, em meio a cautela dos investidores com o plano da Casa Branca para deter a crise financeira. No mercado de câmbio, a taxa ficou abaixo de R$ 1,80. O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 2,86% e desceu para os 51.540 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,35 bilhões.
A ação da Petrobras, que "segurou" a Bolsa durante boa parte do pregão, não resistiu a uma onda de realização de lucros, por investidores ainda bastante cautelosos com os desdobramentos da crise americana. Dessa forma, a ação preferencial da petrolífera, o papel mais negociado da Bolsa, cedeu 0,54%, para R$ 34,79.
O dólar comercial foi cotado a R$ 1,792, em decréscimo de 2,12%. A taxa de risco-país marca 283 pontos, número 1,79% mais alto que a pontuação anterior. "Eu acredito que o dólar ainda não está totalmente "enquadrado´. Basta nós pensarmos que em dezembro a taxa (Selic) pode chegar a 14,75%, quer dizer, é um juro muito alto (em comparação aos juros no exterior). E o mercado está projetando o dólar a R$ 1,65 no final de ano", comenta João Gomes, gerente de câmbio da corretora Agente.
As principais bolsas de valores européias concluíram os negócios em baixa, a exemplo de Londres (recuo de 1,41%) e Frankfurt (queda de 1,32%). Nos EUA, a mundialmente influente Bolsa de Nova York perdeu 3,27%, derrubada, principalmente pelas ações do setor financeiro.
"O mercado ainda quer saber se que o foi prometido vai ser efetivamente implantado. Foi essa expectativa que mais influenciou os negócios hoje. O calendário (do Congresso americano) está curto", comenta Márcio Cardoso, diretor de operações da corretora Título.
Resgate
A partir de hoje o Congresso dos EUA deve avaliar o plano de resgate de US$ 700 bilhões para o setor financeiro. O plano daria ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, autoridade para comprar todo o valor em ativos relacionados às hipotecas para dissipar a grave crise financeira, segundo a imprensa norte-americana. Entre as principais notícias do dia, o Banco Central Europeu (BCE) já anunciou que vai realizar um novo leilão extraordinário, para para injetar US$ 40 bilhões no mercado interbancário, menos de uma semana após oferecer outros US$ 80 bilhões, para evitar problemas de liquidez nos bancos. O Banco da Inglaterra vai oferecer outros US$ 40 bilhões às instituições com problemas de financiamento por conta da crise dos créditos "subprime".
No front doméstico, o boletim Focus revelou que a maioria dos economistas do setor financeiro revisou para baixo, pela oitava semana consecutiva, as projeções para a inflação. O IPCA previsto caiu de 6,26% para 6,23%. O mercado, no entanto, reajustou para cima suas expectativas para a taxa de câmbio: o dólar projetado subiu de R$ 1,65 para R$ 1,70 no final deste ano.