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Economia

Centro-Oeste tem a maior renda do país

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O rendimento médio do trabalhador do Centro-Oeste não só ultrapassou o do Sudeste, passando a ocupar o número 1 no ranking nacional em 2007, como registrou a maior expansão entre as cinco regiões do país. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados nesta quinta-feira (18/09), a média dos rendimentos em 2007 no Centro-Oeste aumentou 8%, atingindo R$ 1.139. O valor ultrapassou um pouco o do Sudeste (R$ 1.098), tradicional campeão do indicador, e foi equivalente a mais de duas vezes o do Nordeste (R$ 606). A segunda maior taxa de crescimento foi a do Norte, que subiu 5,7%.

Na avaliação de Cimar Azeredo, da área de emprego e renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ganho médio da região central do país foi puxado pelo reajuste do funcionalismo público, com forte influência no Distrito Federal, e pelo agronegócio. Mas os efeitos foram sentidos em outros ramos da economia, como o de serviços. A vida melhorou muito, por exemplo, para Regis Tadeu dos Santos, de 33 anos, morador do Cruzeiro. Com um substancial aumento de salário, ele pôde colocar os três filhos em escolas particulares e proporcionar mais lazer à família.

;Era comum jantar fora uma vez por semana com a minha esposa. Agora, saímos duas, três vezes;, revela Santos, que atua numa empresa de comunicação. O trabalhador brasileiro, de forma geral, passou a ganhar mais em 2007. O rendimento médio mensal chegou a R$ 956, valor 3,2% maior que os R$ 926 registrados no ano anterior. Embora acumule alta de 15,6% desde 2004, a renda nacional ainda está longe da máxima de R$ 1.011, verificada em 1999. Tomado isoladamente, o salário dos empregados domésticos foi de R$ 332, em média ; uma elevação de 4,8%. De forma geral, os ganhos de quem trabalha por conta própria cresceram mais do que todos os outros (17%), atingindo R$ 795.

A evolução da renda vem sendo acompanhada de uma melhora, ainda que discreta, na desigualdade social. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu de 0,541 para 0,528 ; quanto mais perto de zero, menor a concentração. Essa foi a maior redução do indicador num único ano, desde 1990. Apesar da melhora, o Brasil ainda está atrás de vários países em desenvolvimento: Rússia (0,399), China (0,469) e Índia (0,368).

Emprego formal

Estimulado pela retomada dos investimentos e do crescimento econômico, o mercado de trabalho brasileiro está passando por uma pequena revolução nos últimos anos. O número de empregados com carteira assinada subiu, assim como o seu nível de escolaridade. Em função disso, a quantidade de pessoas que contribuem regularmente para a Previdência Social passou da metade dos ocupados pela primeira vez desde os anos 1990.

;Estamos assistindo a uma formalização do emprego sem precedentes, com diminuição das atividades precárias ou por conta própria. Isso também está na raiz do aumento do rendimento médio verificado;, afirma o economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O total de ocupados cresceu 1,6% de 2006 para 2007, atingindo 90,8 milhões de pessoas.

O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 32 milhões, o equivalente a 35,3% dos ocupados ; o indicador havia sido de 33,1% em 2005 e de 33,8% em 2006. O IBGE atribuiu grande parte do avanço ao primeiro aumento significativo das contratações na indústria desde 2004. Em 2006, 14,8% da população ocupada trabalhavam no setor, volume que passou para 15,3%. Em 2007, o país tinha 13,8 milhões de pessoas empregadas no segmento industrial, dos quais 75,6% na formalidade.

A tendência à legalidade também se percebe no comércio e serviços. A vendedora Ana Paula do Nascimento, de 17 anos, conseguiu o segundo emprego seguido com carteira assinada. Em outubro do ano passado, ela começou a trabalhar numa escola de informática no Recanto das Emas. Em junho deste ano, passou para a papelaria ABC do Pátio Brasil. A carteira assinada lhe garante os direitos trabalhistas, como férias, 13; salário e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além de assegurar a futura aposentadoria. ;A carteira assinada é importante para comprovar experiências profissionais anteriores. Na entrevista que fiz na papelaria, logo me pediram para trazer a carteira;, diz Ana.

Previdência

Uma conseqüência direta do aumento da formalização foi o percentual recorde de contribuição para a Previdência Social. Em 2006, a proporção de trabalhadores que recolhiam a contribuição era de 48,8% do pessoal ocupado e passou para 50,7% um ano depois. A assinatura de carteira tem aumentado num ritmo bem maior neste ano, o que está na raiz da melhora das projeções para o déficit da Previdência. Em 2007, o rombo foi de R$ 46 bilhões e deve cair para R$ 38,5 bilhões neste ano.

Em 2007, a taxa de desocupação no país caiu de 8,4% para 8,2%. Mas o mercado de trabalho continua discriminando as mulheres, que têm uma taxa de desocupação de 10,8%, consideravelmente maior do que os 6,1% entre os homens. A taxa de ocupação caiu de forma marginal, de 57,2% para 57% da população. Segundo Cimar Azeredo, o fato está associado à redução do trabalho infantil na faixa de 10 a 14 anos.

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