Jornal Correio Braziliense

Economia

Reservas de Iara devem extrapolar limites da área leiloada, diz Gabrielli

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O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse nesta quinta-feira (18/09) haver indícios de que as reservas de petróleo do campo de Iara extrapolam os limites da parte de reservatório já leiloada. No caso de Tupi, porém, o óleo contido não se estenderia a outros campos, segundo o executivo. "Dadas as informações que temos hoje, achamos que, provavelmente, em Tupi estaremos contidos dentro do bloco, e em Iara, provavelmente estaremos fora do bloco", afirmou Gabrielli, durante encerramento da Rio Oil & Gas. Existe a suspeita de que o óleo na camada pré-sal se estenda por diversos campos, formando uma única área (unitizada). A Petrobras já admitiu que há bons indícios de que, em alguns blocos, o petróleo se estenda a outras regiões. Caso o petróleo de algum desses campos extrapole os limites da concessão, será necessário o processo de unitização com o dono do bloco vizinho. Seriam definidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) percentuais de cada empresa envolvida no processo. Tupi e Iara estão no bloco BM-S-11, na camada pré-sal da bacia de Santos. São as únicas descobertas no pré-sal cujas reservas recuperáveis foram apontadas pela Petrobras. Tupi tem de 5 bilhões a 8 bilhões de petróleo e gás natural, e em Iara, há indicações de um volume recuperável de 3 bilhões a 4 bilhões de petróleo e gás. O presidente da Petrobras apresentou levantamento apontando que o governo já concedeu 38% do que é estimado para a camada pré-sal, o equivalente a 41.000 quilômetros quadrados. Dos 112 mil quilômetros quadrados onde a geologia aponta para tais características, a Petrobras já detém 31% do total, ou 35.000 quilômetros quadrados. Presente ao encerramento da Rio Oil & Gas, o secretário nacional de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME), José Lima de Andrade Neto, comparou a oportunidade que o país tem para desenvolver a indústria do petróleo com o pré-sal ao cenário americano antes da corrida espacial. Ele lembrou que o investimento no programa espacial americano se espalhou para outras áreas da indústria local, e que o objetivo do governo é fazer algo semelhante no Brasil. "Queremos isso para o Brasil. Que o crescimento não se dê apenas na indústria do petróleo, e que permeie o desenvolvimento de toda a sociedade brasileira", ressaltou. Crise Gabrielli voltou a dizer que a crise externa pode dificultar o levantamento de recursos para investimentos futuros, como o desenvolvimento da produção do pré-sal. Ele frisou, no entanto, que a crise deverá ter impacto de médio prazo, e não deve se prolongar por muito tempo. "Vai ser difícil levantar recursos se esse paisinho do Norte continuar caindo", observou, em tom de brincadeira.