O incremento da renda da população ocupada no Brasil revelado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (18/09), mostra que o país alcançou o momento de "dividir o bolo" da economia no país. A opinião é do presidente do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, Eduardo Nunes.
"Não é hora de deixar o bolo crescer para depois repartir. É o momento da repartição", declarou Nunes nesta manhã, após a divulgação da Pnad 2007.
"O Brasil prossegue no processo de melhoria das condições sociais e econômicos no país. Se olharmos nos últimos dez anos, praticamente todos os indicadores sociais do país apontam um avanço, principalmente no que diz respeito à melhor formalização, aumento dos níveis de renda e escolaridade, maior contribuição para a Providência." O presidente do IBGE disse que os dados revelados pela Pnad mostram que o país vive um cenário "muito positivo". Mas ainda há pontos para se avançar, como a concentração da renda e o combate ao analfabetismo e ao trabalho infantil, que ele disse serem ainda "muito fortes" no país.
"Ainda temos 14 milhões de pessoas no país que não sabem ler nem escrever um bilhete simples. A maioria são gerações anteriores, que não tiveram acesso ao ensino, hoje mais universalizado. Mas esse indicador ainda é muito alto", afirmou Nunes.
A desaceleração do crescimento da renda registrada em 2007 (alta de 3,2%, menos da metade do crescimento em 2006) não significa uma retração no índice, na opinião de Nunes.
Concentração de renda ainda é alta
Ele não atribuiu uma causa específica a essa queda, mas afirmou que, "dentro de alguns anos", a renda do trabalhador voltará aos patamares de 1998 e 1997. Naqueles anos, a Pnad registrou as maiores rendas médias por trabalhador de sua série histórica - R$ 1.003 e R$ 1.011, respectivamente.
"Se a concentração de renda diminuiu, é porque a distância entre as classes encurtou, produto da renda. Mas o nível da concentração (de renda) ainda é muito alta", ponderou.