Em uma rápida entrevista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira (17/09) que, diante da crise internacional, o governo vai oferecer crédito para investimento, exportação e agricultura às empresas brasileiras, se for necessário. Segundo ele, já está havendo uma escassez de crédito internacional para as empresas do país, mas não o crédito local, destinado ao consumo.
"Se sentirmos essa escassez se prolongar, podemos tomar algumas medidas no sentido de estimular o crédito para investimento. Não para consumo, porque não está faltando", afirmou o ministro, ao chegar ao Ministério da Fazenda. Ele reconheceu que no atual cenário as empresas brasileiras que tomam empréstimo no exterior não estão conseguindo, ou estão pagando muito alto por isso. Porém, ele avaliou que se trata de um "problema passageiro". "É um problema, que deve ser passageiro e será resolvido. Se faltar crédito para investimentos à agricultura e exportação, o governo tomará medidas para supri-lo", garantiu.
O ministro avaliou ainda que o risco de contaminação da economia brasileira com os efeitos da crise internacional é pequeno. "Não vejo contaminação". Ele reafirmou que o sistema financeiro brasileiro está sólido.
Inflação
Mantega afirmou também que está satisfeito com o desempenho da inflação no país, que vem apresentando desaceleração.
Segundo o ministro essa desaceleração está sendo observada em todos os índices. Para o ministro, a inflação de 2008 ficará "tranqüilamente" abaixo do teto da meta, de 6,5%, conforme determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Mas ao ser questionado se seria possível, já em 2009, levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, ele respondeu: "pergunte ao Banco Central".
Decisão do governo dos EUA
O ministro da Fazenda elogiou a decisão do governo americano de socorrer a seguradora American International Group (AIG). Ele disse que, depois da experiência com o Lehman Brothers não ter sido bem sucedida, foi acertada a decisão dos Estados Unidos. "É uma grande empresa de seguro, que tem impacto na economia internacional. Acho que foi adequado e, com isso, há uma acalmada na crise financeira", afirmou.
Mantega disse que a crise não vai terminar agora, mas, pelo menos, com a decisão, diminuiu o seu impacto na economia mundial. Segundo o ministro, o governo americano não deve salvar todas as empresas, mas o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não pode permitir que ocorram problemas que afetem todo o sistema. "Senão você vai permitir que haja uma quebradeira geral e aí é ruim para todos", disse.
O ministro avaliou que as empresas que ficaram com grandes exposições no crédito têm que pagar o preço e estão pagando. "Basta ver as ações de um dos bancos que se envolveram nisso. O Lehman Brothers virou pó", disse ele. Mantega alertou, no entanto, que, quando há uma quebradeira generalizada que atinge vários países, é preciso intervir senão pode gerar um problema maior para a economia mundial.