O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, criticou o governo federal nesta terça-feira (16/09) por considerar que o país está se acovardando para assumir sua posição favorável na economia mundial. Segundo ele, os países desenvolvidos assumiram facilmente a posição que pertenceu aos subdesenvolvidos em crises anteriores, mas o contrário não aconteceu.
"Os papéis estão completamente invertidos. É estranha e diferenciada a facilidade com que eles assumiram a posição que nós tínhamos e a dificuldade que nós temos para assumir a posição que eles tinham", afirmou.
Para o executivo, é "inaceitável" que o governo brasileiro mantenha a atual política monetária conservadora considerando "todas as situações favoráveis" para o país. "Temos de ser cautelosos, mas não podemos ser covardes. Até agora o Brasil foi covarde na maneira de encarar a sua posição diferenciada".
Para Steinbruch, o Banco Central foi "extremamente conservador" na política de juros altos e perdeu a oportunidade de permitir que a iniciativa privada intensificasse os investimentos. "Agora não adianta lamentar o tempo perdido. Mas temos que ter cuidado daqui para frente", afirmou o presidente da CSN. Ele declarou que "lhe causa ojeriza saber que os juros podem ser elevados" novamente.
"O exemplo que o governo está dando para nós empresários é que devemos ficar sentados em cima do caixa. No mesmo ponto que o governo cobra investimentos para a iniciativa privada, o exemplo que ele dá é de extremo conservadorismo".
Passado
O presidente da CSN participou na manhã de hoje de um fórum econômico promovido pela Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Em sua apresentação, ele afirmou que a sociedade precisa definir o país que deseja ser.
"Estamos nos posicionando como se fôssemos o país do passado, que teve o impacto da crise completamente diferente do que estamos tendo hoje. Se a gente não tomar iniciativas corajosas, no sentido que o governo desempenhe suas funções e dar certa cobertura para a iniciativa privada, nós não vamos chegar a lugar algum".
Steinbruch afirmou que o governo deveria, neste momento, sustentar o consumo dando crédito e liquidez para a economia continuar funcionando. "A gente precisa de crédito e liquidez para a gente levar um pouquinho mais a frente a situação favorecida do Brasil".