Jornal Correio Braziliense

Economia

Comércio se acomoda em julho e mostra tendência de desaceleração

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O desempenho do comércio varejista em julho indica um quadro de acomodação da atividade, com tendência de desaceleração, informou nesta terça-feira (16/09) o coordenador de Comércio e Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Reinaldo Pereira. O indicador de junho pode ter sido influenciado, segundo ele, pela alta da inflação no período e pelo processo de elevação da taxa Selic de juros por parte do BC (Banco Central). "A inflação e a taxa de juros podem estar afetando, de certa forma, o comércio. Na comparação com julho de 2007, vários setores apresentam crescimento, mas em ritmo menor do que em meses anteriores", afirmou o economista. Em julho, as vendas do comércio caíram 0,2% frente ao mês anterior. Na comparação com julho de 2007, houve incremento de 11%. Pereira explicou que sinais de desaceleração foram constatados ao se observar a média móvel trimestral das vendas do comércio. Na média dos últimos três meses encerrados em julho, houve variação positiva de 0,63% frente a período imediatamente anterior; no mesmo índice terminado em junho, a alta chegava a 0,84%; nos últimos três meses finalizados em maio, o crescimento alcançou 0,99%. No caso da inflação, a influência principal ocorreu sobre o setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que teve retração de 0,2% na comparação com junho. Ao mesmo tempo, a receita do setor subiu 0,6% no período. Na comparação com julho de 2007, as vendas de hiper e supermercados aumentou 5,4%, e a receita cresceu 19,5%. Demanda reprimida O especialista do IBGE ressaltou, no entanto, o fato de que a tendência de desaceleração não é uma perspectiva contundente. Na visão de Pereira, há uma demanda reprimida por parte da classe média em ascensão, e a alta da taxa de juros não será suficiente para conter o ímpeto de consumo do brasileiro. "Penso que o governo deveria mexer nos prazos, reduzir o número de prestações. O brasileiro não olha a taxa de juros quando vai comprar, ele quer saber apenas se dá para pagar. Mesmo se o BC continuar elevando a taxa em 0,75 p.p. [ponto percentual], a repercussão vai ser mais lenta do que se mexer nos prazos", comentou Pereira. Eleições Na comparação com o desempenho em 2007, Pereira lembrou que o crescimento é influenciado por fatores como aumento de renda, emprego e expansão do crédito. Ao mesmo tempo, destacou que o início da campanha eleitoral pode ter efeito positivo sobre o comércio. "Com o andamento da campanha, os gastos crescem. Isso significa mais gente ganhando dinheiro com os trabalhos da campanha, e mais gente circulando na praça", afirmou.