As Bolsas européias prosseguem em trajetória de queda nesta terça-feira (16/09), ainda abaladas pela crise no banco Lehman Brothers e com o rebaixamento da classificação de risco da seguradora americana AIG (American International Group).
Às 7h51 (em Brasília), a Bolsa de Paris estava em baixa de 1,33%, indo para 4.113,73 pontos; a Bolsa de Amsterdã caía 2,39%, para 375,85 pontos; a Bolsa de Milão tinha perda de 1,51%, indo para 20.672 pontos; e a Bolsa de Zurique caía 2,01%, indo para 6.799,59 pontos. Pouco antes, a Bolsa de Londres caía 2,42%, para 5.078,40 pontos; e a Bolsa de Franklfurt operava em queda de 1,57%, indo para 5.968,75 pontos.
Mais cedo, o índice FTSEurofirst - que reúne as ações das principais empresas européias - registrava queda de 1,2%, indo para 1.106,09 pontos, depois de uma perda de 3,6% registrada ontem. No ano, o indicador acumula perda de cerca de 27%. O índice DJ Stoxx para o setor de seguradoras tinha queda de 2,7%, refletindo a perda de 9,7% nas ações da resseguradora Swiss Re. As ações das seguradoras Allianz, AXA Prudential e Aviva tinham perdas entre 3,1% e 3,8%.
O índice DJ Stoxx para o setor bancário, por sua vez, tinha queda de 3,5%; entre as ações componentes do índice que mais tinham perdas estavam as do HBOS (-11,3%), UBS (-9,6%) e Natixis (-8,1%).
"Há um cheiro de queimado no ar. É como o dia após uma explosão. As pessoas estão extremamente nervosas e se perguntando o que virá a seguir", disse à agência de notícias Reuters o diretor de investimentos da Seven Investment Management, Justin Urquhart Stewart. "Os investidores estão procurando quais outras empresas têm balanços fracos. Agora precisamos de um pouco de liderança da parte dos bancos centrais e dos órgãos reguladores."
As três principais agências de classificação de risco --Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch - diminuíram a classificação de risco da AIG, o que foi visto como uma ameaça à seguradora, segundo a Associated Press. A seguradora negocia um empréstimo de até US$ 75 bilhões com o Goldman Sachs e o JP Morgan Chase, depois que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) negou ajuda financeira à instituição. O pedido do empréstimo aos dois grandes bancos americanos foi feito pelo próprio Fed, segundo o "Wall Street Journal".
Ao lado de outras grandes instituições, como o Washington Mutual, a AIG vem sendo apontada como uma das próximas vítimas da atual crise financeira. Desde o quarto trimestre de 2007 até o final de junho deste ano, ela já acumulou prejuízo de cerca de US$ 18 bilhões.
Na Ásia, hoje, o dia também foi de fortes perdas: o índice Nikkei 225, da Bolsa de Tóquio, fechou em queda de 4,95%; em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 5,44%%; a Bolsa de Seul fechou com perda de 6,10%; e a Bolsa de Xangai caiu 4,47%.
Ontem, o Lehman Brothers entrou com o pedido de proteção sob a legislação de falências e concordatas no Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York. O governo americano não repetiu a ação de ajudar as empresas financeiras a evitar a quebra, como fez com as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, que devem receber uma injeção de até US$ 200 bilhões.
O Lehman já havia anunciado um plano de reestruturação, além de uma previsão de prejuízo trimestral de US$ 3,9 bilhões. O banco buscava um comprador, mas, sem ajuda do governo, compradores em potencial do Lehman, como o Barclays e o Bank of America, se afastaram do negócio.
Com a situação crítica do Lehman, outras instituições financeiras correram para salvar outro banco tradicional de Wall Street, o Merrill Lynch: o Bank of America comprou o Merrill por cerca de US$ 50 bilhões, consolidando ainda mais sua posição de gigante reforçada já por uma série de compras anteriores que incluem o banco hipotecário Countrywide Financial.
Hoje, os investidores ainda aguardam a decisão do Fed sobre sua taxa de juros (atualmente em 2% ao ano) e a divulgação dos resultados trimestrais do banco de investimentos Goldman Sachs.
A expectativa dos analistas é de que o Fed venha a reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. "As expectativas de um corte de juros aumentaram muito nos últimos dias, embora achemos que a taxa vá continuar onde está", disse à Reuters o estrategista Henk Potts, do Barclays Stockbrokers. "Se os juros forem reduzidos, pode-se defender dois argumentos. Os otimistas dirão que o Fed vai usar cada arma em seu arsenal para ajudar os mercados. os pessimistas dirão que [um corte de juros] é desespero e mostra como a economia está fraca."