Jornal Correio Braziliense

Economia

Cultivo do maracujá é mais rentável com bom solo e tecnologia adequada

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Pesquisadores de um projeto coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos descobriram que o bom uso de solos e a adoção de tecnologias adequadas podem aumentar em até 40% a rentabilidade dos cultivos de maracujá no estado do Rio de Janeiro. Segundo o engenheiro agrônomo Sergio Cenci, que coordena a pesquisa, os resultados poderão ser aplicados em outras regiões do país. Com um ano e meio de estudos e testes de campo, os pesquisadores constataram que os resultados são promissores. Eles encontraram variedades de maracujá resistentes s principais doenças, a partir de material oriundo da Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Brasília. Os testes demonstram que são variedades de alto potencial para uso na indústria, em sucos principalmente, e para consumo in natura, disse o pesquisador, que tem especialização em ciência dos alimentos. O projeto é um resgate do programa Frutificar, desenvolvido há alguns anos no Norte e Noroeste fluminenses, que se destacava no apoio ao crédito agrícola. Segundo Cenci, o Frutificar acabou não gerando os resultados previstos porque o produtor não absorvia as informações requeridas para o manejo da cultura. O objetivo do novo projeto é preparar o produtor, os técnicos e as indústrias para que eles tenham a capacidade de fazer a inovação tecnológica no processo produtivo. O importante, de acordo com o pesquisador, é que o produtor dê continuidade ao que lhe é repassado. Eu diria que hoje o mais importante é revitalizar [a produção com a tecnologia] com bases sustentáveis. Uma produção sustentável, que venha a crescer com o tempo. Atualmente, o Frutificar continua com o trabalho de financiamento ao pequeno produtor, mas com uma nova visão integrada de campo e indústria. O programa é parceiro da Embrapa Agroindústria de Alimentos no sentido de recuperar a cultura do maracujá no Norte fluminense. Em 2004, a área cultivada naquela região alcançava 1.500 hectares. No ano passado, esse número caiu para 450 hectares. A queda foi atribuída por Cenci a problemas tecnológicos. O pesquisador revelou que a demanda das agroindústrias é de 50 mil toneladas de maracujá por ano. A produção nas regiões Norte e Noroeste do Rio de Janeiro, entretanto, não supera nove mil toneladas. O déficit é suprido com importação de outros estados. Cenci disse que a baixa produtividade e a necessidade de importação afetam a eficiência da indústria e contribuem para onerar o processo, além de ter efeitos na qualidade da matéria-prima. Nos próximos 18 meses, os técnicos irão verificar a adaptabilidade dos materiais s condições regionais de clima e solo. Cenci afirmou que, em outubro, os pesquisadores pretendem promover evento com a participação dos produtores, para motivá-los a aderir ao plantio do maracujá. É o Dia de Campo, evento que também servirá para capacitar a agroindústria. O mês de outubro foi escolhido para o encontro porque coincide com o período de colheita do fruto. A pesquisa reúne técnicos da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Universidade Federal do Norte Fluminense (Uenf), programa Frutificar da Secretaria Estadual de Agricultura, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro (Pesagro).