O Banco do Brasil (BB) pagará R$ 685 milhões para comprar o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e sua coligada a Besc Crédito Imobiliário (Bescri). O pagamento será feito com a emissão de 23 milhões de ações do BB, sendo que quase 96% serão entregues ao Tesouro Nacional, que controla o Besc desde 2000. A operação deve ser confirmada no próximo dia 30 pelas assembléias das instituições. O Ministério da Fazenda explicou que, o valor do Besc e do Bescri será utilizado para abatimento da dívida de Santa Catarina com a União.
A incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) deve gerar um ganho de sinergia para o Banco do Brasil de aproximadamente R$ 1 bilhão em 10 anos. A avaliação foi feita ontem pelo vice-presidente de finanças do Banco do Brasil, Aldo Luis Mendes, que destacou que, de imediato, a operação proporciona uma economia de custos de R$ 139 milhões ; valor que inclui preço de aquisição do valor do Besc.
Segundo Mendes, o BB pretende levar o índice de eficiência (relação entre despesas administrativas e receitas operacionais) do Besc ; que hoje está em 73,1% ; para o padrão do Banco do Brasil, que é de 46,9% e cuja a meta é chegar a 45% neste ano. O BB calcula que essa transição ocorrerá no prazo de cinco anos. Mendes afirma que o Besc é uma instituição que tem muitas operações realizadas ;na boca do caixa;. Com investimento em tecnologia por parte do BB, isso pode cair para 10%, o que liberaria funcionários para ;fazer negócios;. Também há um potencial de sinergia na eliminação de sobreposição de agências, embora o BB destaque que essa sobreposição não é alta.
Aquisição do BRB atrasada
Nos casos do Banco Regional de Brasília (BRB) e da Nossa Caixa, cujas incorporações vêm sendo negociadas com os governos do Distrito Federal e de São Paulo, o vice-presidente do Banco do Brasil, Aldo Luis Mendes, comentou que o modelo de compra é diferente. Especificamente em relação ao BRB, ele disse que o processo está atrasado porque a avaliação do banco ainda não está concluída.
O BB não pode comprar instituições privadas e somente pode se expandir por meio de suas operações de mercado ou incorporando instituições públicas, como é o caso do Besc e dos bancos com quem atualmente negocia. Com essas incorporações, o BB tenta garantir a sua liderança no mercado em face da postura agressiva do bancos privados.
O executivo comentou ainda que a incorporação do Banco do Estado do Piauí (BEP) deve ser finalizada até o fim do ano. O modelo da operação tende a ser semelhante ao do Besc, que também é uma instituição federalizada.
Demissões à vista
Considerando a compra do Besc pelo Banco do Brasil, o gerenciamento dos recursos humanos é outra área na qual o BB quer obter ganhos. Aldo Luis Mendes disse que a intenção não é demitir, entretanto, demissões não estão descartadas e no contrato entre as duas instituições financeiras não há restrição para que isso aconteça.
Segundo ele, atualmente há três grupos de funcionários: os com estabilidade, os mais jovens, que ingressaram no banco desde 2002, e o terceiro é o dos que aderiram ao programa de demissão incentivada, mas que permanecem no quadro do Besc e podem ser demitidos a qualquer momento.
Esse último grupo, acrescenta o executivo, no caso de eventuais demissões futuras, tende a ser o primeiro. Os recursos para a indenização desses funcionários já estão provisionados no balanço do Besc. ;Temos um período de 180 dias em que vamos começar a gerenciar o Besc e ver exatamente que estrutura teremos no Estado;, afirmou Mendes. Ele informou que a idéia é manter no mínimo uma agência por município no estado de Santa Catarina.