Jornal Correio Braziliense

Economia

Competição entre postos de gasolina no DF é maior no Plano Piloto

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O consumidor brasiliense deve adotar como hábito a pesquisa de preços dos combustíveis na hora de abastecer. A disputa entre postos concorrentes em algumas regiões da cidade provoca uma enorme variação de valores, que está cada vez maior. Em 10 de agosto, o menor preço que o brasiliense conseguia pagar era de R$ 2,54. Na semana passada, alguns postos já tinham baixado R$ 0,30 e, nos últimos dias, chegaram a cobrar R$ 2,18, segundo pesquisa divulgada semanalmente pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Mas a concorrência não está espalhada por todo o Distrito Federal. Os moradores do Plano Piloto são os principais beneficiados pela disputa por clientes, apesar de terem a renda mais elevada da capital federal. Nos postos localizados nas cidades do DF os valores são mais elevados, conseqüência de uma disputa menor pelo mercado, segundo os empresários. A diferença pode chegar a 18% entre o valor cobrado em um posto localizado na Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTG) e um na Asa Norte. Parte dos descontos se deve a uma redução dos custos. O preço médio cobrado pelas distribuidoras, segundo a ANP, caiu R$ 0,05 por litro nas últimas cinco semanas. Em 10 de agosto estava em R$ 2,20. Nesta semana, caiu para R$ 2,15. Mas a antiga disputa travada em determinados pontos do DF, como a Asa Norte e Taguatinga, tem papel importante. É essa concorrência que justifica os preços diferentes entre as regiões da cidade, segundo o empresário Antônio Matias, sócio do grupo Gasol, que possui 90 postos no DF. ;Não importa se em determinada cidade a renda é maior ou menor. O que determina preço é concorrência. Nós vamos conforme o mercado local. É um efeito dominó, se um baixa, temos que baixar;, afirma. Em sua rede, o litro de gasolina varia de R$ 2,19 a R$ 2,45, uma diferença de 12%. O valor mais baixo é cobrado na Asa Norte. O mais caro, no Gama. Para aproveitar os preços mais baixos, o eletricista José Dias, 41 anos, procura abastecer quando vem ao Plano Piloto para trabalhar. ;Estou abastecendo em Brasília porque onde eu moro, no Lago Azul, o combustível estava ontem a R$ 2,49.; A prática incomoda os empresários menores. Subgerente de um posto no eixinho Norte, Rafael Santana reclama do que ele chama de concorrência desleal. ;Eles baixaram no Plano Piloto e deixaram o preço normal nas satélites para cobrir aqui. É inviável para mim comprar gasolina a R$ 2,15 e vender por R$ 2,18;. Proprietária do posto Jarjour, Erica Jarjour explica que o conflito já dura quatro anos e sua a expectativa é que a disputa continue. ;É imprevisível saber quando vai terminar. Em Brasília não existe cartel, cada um faz seu preço e as opções de pagamento;, explica o gerente de outro posto da Asa Norte, Marcos Antônio Silva. Enquanto os postos continuam em conflito, os consumidores se beneficiam. Mas temem que os valores voltem a subir, caso da estudante Lívia Amália Nery, 22 anos, que gasta R$ 225 por mês com combustível. ;Vai subir em breve. Toda vez é essa sanfona.; Matias, da Gasol, confirma. Se um posto da Asa Norte subir, os outros vão atrás. Álcool volta a atrair Depois de muito tempo, a gasolina perdeu a disputa para o álcool nesta semana. Com os preços atuais, na média, vale a pena abastecer com o álcool. Mas é preciso fazer a comparação a cada vez que se vai ao posto. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro de gasolina está em R$ 2,41 e, o do álcool, em R$ 1,68. Com uma queda de R$ 0,15 por litro em apenas uma semana, o etanol passou a valer 69% da gasolina. A recomendação de especialistas é que o consumidor opte pelo combustível sempre que a diferença for inferior a 70%. O percentual reflete o menor rendimento do álcool, que faz o veículo rodar menos quilômetros que a gasolina com um mesmo volume de combustível. De olho nos preços para fazer a comparação, o músico Wellington Barros, 25 anos, escolheu o álcool nas últimas semanas. Por mês, ele gasta quatro tanques. O músico fica atento às promoções, mas desconfia de valores muitos baixos. Seu receio é que o combustível seja adulterado. Mas os descontos nos postos mais conhecidos lhe atraem. Então a saída é aproveitar, já que não há perspectiva de que a redução tenha fôlego. ;Eles devem estar esperando só a poeira baixar para colocar o valor de antes.; Apesar de ser mais vantajoso atualmente, o álcool ainda é pouco consumido pelo brasiliense. O combustível demanda apenas 0,18% do orçamento da população local. Já a gasolina é responsável por 5,71% das despesas totais dos moradores da capital federal, mesmo percentual gasto com aluguel, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getúlio Vargas. Nos últimos meses o valor do produto tem recuado em ritmo mais acelerado que o da gasolina. Desde o início de 2008 o litro do álcool caiu 2,52%, enquanto o da gasolina reduziu 1,82%. ;Neste ano a produção de cana-de-açúcar está maior que no ano passado, além disso estamos no período de safra, o que contribui para as últimas reduções. A gasolina é influenciada pelo preço do álcool, por isso também tem ficado mais barata;, afirma o coordenador do IPC-S, André Braz. Veja como escolher para abastecer seu carro flex - Divida o preço do álcool pelo da gasolina e multiplique por 100. - Se o resultado for maior do que 70, é melhor abastecer com gasolina. Se for menor, prefira abastecer com álcool. Exemplo: o preço médio da gasolina foi de R$ 2,41, e o do álcool, de R$ 1,68, esta semana segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O resultado da operação foi 69%, logo, foi mais vantajoso abastecer com o álcool.