A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) não resistiu à derrocada generalizada das Bolsas de Valores mundiais, num dia em que foi mais forte o temor de uma desaceleração da economia mundial. Nos últimos cinco dias, a Bolsa brasileira desabou 8,82%.
Há semanas o mercado via com receio os números desanimadores da União Européia, mas ontem o nervosismo dos investidores aumentou, com a notícia de uma contração do PIB do bloco de países no segundo trimestre. Hoje, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, admitiu o enfraquecimento da economia local e reviu para baixo as projeções de crescimento da região para este ano. Os EUA também não entregaram notícias melhores, principalmente no tocante ao mercado de trabalho.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retraiu 3,96% e atingiu os 51.408 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,21 bilhões.
O dólar comercial foi cotado a R$ 1,722 na venda, com acréscimo de 2,68%. A taxa de risco-país marca 259 pontos, número 2,77% mais alto na comparação com a pontuação anterior.
Na Europa, a Bolsa de Londres caiu 2,50%, enquanto o mercado de Paris cedeu 3,21% e Frankfurt registrou perda de 2,86%. Em Nova York, a Bolsa local sofreu baixa de 2,99%, um decréscimo pouco visto em Wall Street. Entre as principais notícias do dia, o BCE (Banco Central Europeu) decidiu manter inalterada a taxa de juros na zona do euro em 4,25%, em linha com as expectativas do mercado financeiro.
O presidente do banco central, Jean-Claude Trichet, deu declarações duras sobre a economia da região, admitindo a fraqueza do nível de atividade na zona do euro. A autoridade monetária também revisou para baixo as projeções de crescimento para 2008: de 1,8% para 1,4%. Para 2009, no entanto, a estimativa foi ajustada de 1,5% para 1,7%. Nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que a demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego aumentou nas duas últimas semanas, totalizando 444 mil solicitações. O mercado financeiro estimava um total de 430 mil pedidos.
O mesmo órgão comunicou que a produtividade do trabalhador americano melhorou no segundo trimestre, crescendo 4,3% ante a estimativa inicial de 2,2% e das projeções de 3,9% de economistas do mercado financeiro. O custo da mão-de-obra teve retração de 0,5% no segundo trimestre, maior do que o esperado por bancos e corretoras, que apostavam em uma redução de 0,3%. A melhora na produtividade é um alívio modesto num dia repleto de notícias negativas.
A consultoria americana de recursos humanos ADP Employer Services contabilizou a perda de 33 mil empregos em agosto, devido aos cortes efetuados no setor manufatureiro. No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a produção industrial subiu em dez das 14 regiões pesquisadas em julho na comparação com o mês anterior. Na média nacional, a indústria apresentou alta de 1% na mesma base de comparação.