O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira (3/09), na edição especial do Fórum Nacional, no Rio, que a Rodada "Doha não acabou". O último encontro comercial, em Genebra, terminou sem acordo. Amorim participou ontem do painel "O Brasil e a América do Sul - Integração econômica e política, no mundo pós-Doha".
"Não estou de acordo com o título [do painel]. Doha não acabou. É improvável que os países queiram jogar fora as discussões. Não vão jogar fora. A questão é quando Doha será concluída: se agora ou não, e aí teremos um processo de dois, três anos no mínimo, por causa da nova administração dos Estados Unidos e de eleições na Índia e no Brasil", afirmou.
Amorim disse que devem acontecer novos contatos nos próximos dias, antes da Assembléia Geral da ONU, no dia 16. Ele descartou que o país tente usar a reunião para tratar do assunto. "Negociar ali acho que não é o melhor ambiente, mas antes disso deverá haver contatos.".
Para o ministro, "é muito melhor terminar agora" porque enquanto isso, disse, "perdem-se empregos, comércio, pessoas que passam fome passam mais fome".
Amorim defendeu a viabilidade do fechamento do acordo, porque, segundo ele, "os elementos centrais da barganha foram praticamente acertados", mas reconheceu que "é uma brecha pequena, réstia de oportunidade". "Mas nossa obrigação é lutar por ela, porque não há alternativa às negociações multilaterais. Os bilaterais não atendem aos objetivos de longo prazo", afirmou.