Para uma platéia de estudantes de engenharia na Universidade Mackenzie nesta sexta-feira (29/08), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, enalteceu a importância do combate a inflação para garantir o crescimento sustentado do país. A aula magna de Meirelles, que é engenheiro por formação, teve o tema "evolução recente da economia brasileira" e fez parte da programação da 20ª Semana de Engenharia e Tecnologia da universidade. "Durante muitos anos o Brasil viveu no ciclo de arrancadas e freadas. Inflação baixa e sob controle é pré-condição para o crescimento", afirmou o presidente do BC. Segundo ele, inflação alta impede planejamento de longo prazo e desestimula o crescimento.
A aula de Meirelles foi didática e apresentou números da economia brasileira e internacional que compravam sua tese dos benefícios do controle da inflação. Mas, apesar de ser um dos principais instrumentos do BC no controle dos preços, em nenhum momento ele citou os recentes aumentos dos juros tão pouco comparou a Selic brasileira com taxas de outros países.
O presidente do BC afirmou que as maiores médias de crescimento nas economias dos países que eram conhecidos como "tigres asiáticos" foram conseguidas com baixos índices de inflação.
Dados apresentados aos alunos colocaram Cingapura no topo da lista, com crescimento médio anual do PIB (Produto Interno Bruto) de 6,9% com inflação de 1,4% entre os anos de 1980 e 2007. Coréia do Sul aparece com PIB de 6,7% e inflação de 4,6%, no período; Taiwan teve 6,3% e 2%, Malásia registrou 6,1% e 2,7%; e Hong Kong aparece com 5,4% e 4%, respectivamente.
"Não é só por isso [inflação baixa] que esses países cresceram. Cingapura, desde o início, investiu fortemente em educação", explicou Meirelles, incluindo também a necessidade de alta taxa de investimento em poupança para sustentar os números positivos.
Por sua vez, o presidente do BC mostrou o outro lado da tabela de crescimento, os países que registraram as menores médias anuais de crescimento entre 1980 e 200. O Brasil figura com crescimento médio do PIB em 2,3% e inflação média de 158,6%; México com PIB de 2,6% e inflação de 66,9%; e Argentina com 2% e 110,2%, respectivamente.
Segundo Meirelles, lembrando da época que era presente de um dos maiores bancos no mundo, o Brasil era um país pouco previsível, exigindo um retorno curto dos investimentos.
Crise
Para Meirelles, existe no país, atualmente, a conjugação de dois fenômenos: a economia interna aquecida e o grande aumento nos preços internacionais das commodities. "Nós tínhamos que lidar com os dois fenômenos ao mesmo tempo", explicou. Nas últimas três reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC elevou a taxa Selic de 11,25% ao ano para 13,5%.
"Está se tomando as medidas necessárias [para conter a inflação] e o processo está funcionando", considerou Meirelles.