Jornal Correio Braziliense

Economia

Petróleo fecha cotado a US$ 115,01, após passar de US$ 117

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O preço do petróleo fechou em baixa nesta quinta-feira (14/08). Os investidores venderam contratos para embolsar os lucros depois de o barril ter fechado ontem em US$ 116 e passado dos US$ 117 hoje. O barril do petróleo cru para entrega em setembro, negociado na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), fechou o dia em baixa de 0,85%, cotado a US$ 115,01. O preço máximo atingido pela commodity foi US$ 117,42 e o mínimo, US$ 112,59. O barril reagiu ontem à queda nas reservas americanas de petróleo e gasolina. O Departamento de Energia divulgou ontem seu relatório de estoques e mostrou que a reserva de petróleo do país caiu em 400 mil barris na semana encerrada no último dia 8, contra uma expectativa de aumento de 500 mil barris. Além disso, a reserva de gasolina, por sua vez, no país caíram em 6,4 milhões de barris, contra uma previsão de queda de 2,2 milhões. Segundo analistas, o risco de danos aos oleodutos que atravessam a Geórgia vem mantendo os investidores atentos, mas a tendência predominante é a de venda de contratos. Na terça-feira (12/08) a British Petroleum fechou um oleoduto e um gasoduto na Geórgia como medida de precaução, diante do conflito entre esse país e a Rússia. A Geórgia tinha acusado a Rússia de bombardear linhas de distribuição de petróleo em seu território, apesar de o governo de Moscou ter negado. Especialistas da BP inspecionaram o oleoduto e o gasoduto informaram que não havia danos causados às instalações. Após esses fechamentos, as opções de exportação de petróleo e gás da BP na zona diminuem no porto russo de Novorossiisk, assim como nos portos georgianos de Batumi e Kuleva, todos eles situados no mar Negro. Mesmo assim, prevaleceu a tendência de queda, reforçada pela expectativa de que a demanda nos EUA está recuando. Dados do governo americano mostram que de fato a demanda está em baixa e deve abrir mais espaço para novos recuos no preço: na terça, aAdministração de Informações sobre Energia (EIA, na sigla em inglês, órgão ligado ao Departamento de Energia) informou que a demanda por petróleo nos Estados Unidos caiu em 800 mil barris por dia, em média, no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foi a maior queda em volume registrada nos últimos 26 anos. Em seu relatório mensal sobre estimativas, a EIA afirma que a queda na demanda foi provocada pela desaceleração econômica dos Estados Unidos e pelo impacto dos preços altos do petróleo. No dia 11 de julho, o barril chegou ao recorde de US$ 147,27; poucos dias depois, o galão (3,785 litros) de gasolina chegou ao nível recorde de US$ 4,1. "Estamos em um mercado que tem todos os sinais de que continuará a operar em baixa até que tenhamos alguma prova definitiva de que a demanda irá melhorar, com preços menores dos combustíveis", disse à agência de notícias Associated Press o presidente da consultoria Ritterbusch and Associates, Jim Ritterbusch. "Isso parece ainda estar distante." Sobre o conflito entre Rússia e Geórgia, Ritterbusch disse que os investidores acompanham a situação com atenção. "Eles estão esperando algum prêmio pelo risco geopolítico", afirmou. O câmbio entre dólar e euro também vem forçando o preço da commodity para baixo. A moeda americana registrou nova valorização hoje diante da européia: o euro foi negociado hoje a US$ 1,4803 em Nova York, contra US$ 1,4934 de ontem. A perda de valor do dólar era um dos fatores que vinha contribuindo para o declínio dos preços do petróleo desde o dia 11 de julho, quando o barril alcançou o recorde de US$ 147,27. No último dia 5, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve sua taxa de juros em 2% pela segunda reunião consecutiva; a expectativa dos analistas é de que o Fed venha a manter a taxa até o fim deste ano, mas a inflação continua a preocupar o banco. O BCE e o Banco da Inglaterra (BC britânico), por sua vez, mantiveram neste mês suas taxas de juros (em 4,25% e em 5% respectivamente) - o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, inclusive chegou a dizer que não há uma expectativa de modificar a taxa. Com o fim do alargamento, ao menos por enquanto, da diferença entre os juros nos EUA e na Europa, o dólar volta a recuperar um pouco do terreno perdido diante do euro --no mês passado, a moeda européia chegou a recordes de valorização diante do dólar, tendo sido comercializada acima de US$ 1,60. O dólar em queda tornava a commodity (que é cotada na moeda americana) mais barata, atraindo mais compradores e pressionando a demanda.