Jornal Correio Braziliense

Economia

Guido Mantega pede ajuda a empresários para controlar inflação

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Apesar de tentar vender o discurso de que o pior da inflação já passou, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, aproveitou um encontro reservado na Confederação Nacional da Indústria (CNI) para pedir aos empresários que não remarquem os preços. O objetivo da reunião com representantes de 29 associações de indústria de todo o país era explicar o funcionamento do Fundo Soberano. A apresentação inicial do ministro, no entanto, focou apenas a atual conjuntura econômica. O fundo só foi tratado depois da provocação dos participantes. Na avaliação do presidente da Associação de Fabricantes de Embalagens Laminadas Flexíveis (Abraflex) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, um dos participantes da reunião, Mantega demonstrou uma exagerada preocupação com a inflação no país. ;Ele foi claro ao nos pedir para não remarcarmos os preços. Mas as embalagens plásticas, por exemplo, tiveram um aumento entre 40% e 50% nos últimos 12 meses. Não temos como absorver isso;, explicou Synésio ao Correio. Os empresários disseram ao ministro que será praticamente impossível conter repasses de preços em alguns setores, cuja a matéria-prima teve forte elevação. Mesmo com a solicitação feita aos empresários, aos jornalistas Mantega tentou passar tranquilidade na rápida entrevista que concedeu, que durou pouco mais de três minutos, ao final do encontro. Com um discurso praticamente pronto, afirmou que a desaceleração dos preços das commodities (produtos com cotação internacional) está fazendo com que a inflação no país volte a recuar. Destacou também que o Brasil é o único país, entre os que aderiram ao sistema de metas, que ainda está com os preços na margem de tolerância. ;Eu diria que o pior já passou. Chegamos ao cume da montanha, a parte mais alta da inflação, quando os preços subiram. Agora começaram a cair, ou seja, continuam altos mais subindo menos do que antes;, frisou o ministro. Sem falar diretamente da elevação dos juros promovida pelo Banco Central, Mantega afirmou que o governo está agindo em várias frentes para combater a inflação ; elevação do superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) e criação do fundo soberano. ;Estamos tomando várias medidas para desaquecer um pouco a economia brasileira, porém, o objetivo é dar a dose certa do remédio. Se der uma dose excessiva, mata o paciente. Se der uma dose inferior, você não mata a doença. Então, temos que dar a dose precisa para enfrentar a doença e manter o crescimento sustentável;, destacou. Mantega não teve a garantia dos empresários de que os preços não subirão ao consumidor, porém, saiu do encontro com a promessa de analisar um pedido da indústria: aumentar o prazo para pagamento dos tributos pelas empresas. No que diz respeito ao Fundo Soberano, a preocupação dos empresários está relacionada aos recursos que irão compor essa poupança fiscal. O temor é de que haja um aumento dos tributos para financiar esse novo instrumento.