Em momento de forte aquecimento da construção civil em Águas Claras, toda cautela é bem-vinda para não cair em uma armadilha na hora de adquirir um imóvel na planta. Brasilienses que entraram em cooperativas habitacionais, na década de 1990, para realizar o sonho da casa própria aguardam, até hoje, pela entrega das chaves. Em média, um edifício bem administrado fica pronto em, no máximo, 36 meses. As justificativas para os atrasos vão desde a má administração até o aumento do número de calotes.
O advogado da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Geraldo Tardin, afirmou que já impetrou várias ações contra a Cooperativa Habitacional Cooperfênix e a Cooperativa do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Coopercef) por atraso na conclusão das obras. ;A espera pela entrega do imóvel pode passar de 11 anos;, lamentou. Segundo ele, o conceito de cooperativa habitacional está desvirtuado e o consumidor precisa ficar atento para não ser enganado.
Por exemplo: a idéia é de que o custo do empreendimento seja menor, pois não se contabiliza lucro no negócio. O que acontece, no entanto, é que, como muitas cooperativas estão vinculadas a construtoras, as cláusulas dos contratos acabam tendo correção monetária semelhante à dos financiamentos convencionais ; o que teoricamente é irregular. ;A alegação para o atraso é sempre a falta de recursos;, ressaltou o advogado da ABMH.
Empolgada com a possibilidade de comprar a casa própria, Rosângela de Jesus Lima, de 39 anos, decidiu aderir à Cohab-Saúde ; que foi fundida à Cooperfênix ; em julho de 1992. Ficou sete anos pagando R$ 311 por um apartamento de três quartos. Até que, ao ver que o empreendimento não andava, deixou de quitar as parcelas e, em 2004, ingressou com uma ação na Justiça para reaver o dinheiro pago. ;Só quero ser restituída e mais nada;, disse Rosângela, que atualmente mora em uma casa, cujo o financiamento ainda está sendo pago, no Gama.
O gerente-geral da Cooperfênix, Carlos Alberto da Silva Costa, explicou que a Cohab-Saúde e a Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores da Justiça Federal (Centraljus) foram incorporadas em novembro de 2004. Ele afirmou que a demora na entrega do empreendimento fez com que 200 cooperados deixassem o negócio para entrar na Justiça. ;Nossa meta é em 40 meses entregar os dois prédios e vender três terrenos para pagar as dívidas e finalizar as obras. Depois, vamos encerrar com essa cooperativa;, afirmou Costa. Segundo ele, somente o débito com a Previdência Social chega a R$ 1,5 milhão.
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