Jornal Correio Braziliense

Economia

Maior demanda por diesel impactou balança comercial da Petrobras

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O aumento da importação de derivados, principalmente para atender à maior demanda de diesel no mercado interno, fez com que a área de abastecimento da Petrobras registrasse prejuízo no primeiro semestre deste ano. Se de janeiro a junho do ano passado o setor registrou lucro de R$ 4,4 bilhões, nos seis primeiros meses deste ano o resultado foi negativo em R$ 615 milhões. Contribuiu para isso o maior valor que a Petrobras pagou pelo petróleo mais leve que importou para produzir mais derivados. A estatal necessitou importar maior quantidade de óleo leve para ser processado nas refinarias junto ao petróleo pesado extraído dos campos nacionais. Ao mesmo tempo, a quantidade que enviou ao exterior de petróleo pesado era vendida em menor valor. "As importações cresceram mais do que as exportações, pelo aumento do consumo do mercado doméstico. Com a maior demanda por diesel, a empresa comprou mais óleo leve", disse o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa. Mesmo assim, a Petrobras fechou o semestre com saldo positivo, em termos de volume, de 27 mil barris/dia em sua balança comercial. As importações de petróleo e derivados chegaram a 594 mil barris/dia no período, incremento de 18% sobre o verificado no primeiro semestre de 2007. Já as exportações aumentaram apenas 2%, chegando a 621 mil barris/dia de janeiro a junho. No período, as vendas de derivados no mercado doméstico cresceram 8% em relação ao primeiro semestre de 2007. A alta do petróleo e o aumento da produção da companhia elevaram em 83% o lucro da área de exploração e produção (E) da companhia, que totalizou R$ 20,9 bilhões. A produção média de petróleo, no país, aumentou 2% no primeiro semestre, chegando à média de 1,835 milhão de barris/dia. Um dado curioso é que o preço médio praticado pela Petrobras na venda do barril ficou um pouco mais defasado em relação ao petróleo tipo Brent. No primeiro semestre do ano passado, o barril vendido pela estatal era, em média, US$ 10,84 mais barato. De janeiro a junho deste ano, essa diferença subiu para US$ 13,25. A Petrobras atribui isso à menor valorização de petróleos pesados, que a companhia comercializa, frente aos chamados óleos mais leves. Soma-se a esse fator a elevação dos custos internacionais de transporte, informou ainda a empresa. Entre outros setores da companhia, a área internacional conseguiu reverter prejuízo de R$ 26 milhões registrados no primeiro semestre de 2007. De janeiro a junho deste ano, o setor responsável pela atuação da Petrobras no exterior obteve lucro de R$ 343 milhões. Segundo a estatal, isso deveu-se à alta do barril do petróleo, aliada à redução de custos sísmicos em países como Estados Unidos, Turquia e Angola. A área de gás e energia também conseguiu melhores resultados, reduzindo prejuízo de R$ 531 milhões constatado de janeiro a junho de 2007, para R$ 159 milhões em igual período este ano. A Petrobras atribuiu o resultado às melhores margens de comercialização de gás natural e ao maior volume de venda de energia elétrica.