O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fará uma retirada estratégica num momento em que se avolumam as pressões dentro do governo contra o aumento da taxa básica de juros (Selic), que saltou de 11,25% para 13% ao ano entre abril e julho. Além de quatro dias de férias, ficará quase duas semanas nos Estados Unidos, onde participará de vários seminários.
Os eventos se encaixaram como uma luva, pois Meirelles estará livre de comentar os movimentos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para convencer o presidente Lula de que não há porque o Banco Central pesar tanto a mão na política monetária, ou seja, promover mais uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic em setembro, ;porque o pior da inflação já passou;. Esse conflito foi mostrado na edição de sábado do Correio.
Mantega está convencido de que não lhe faltarão argumentos para ;peitar o BC; e mesmo aqueles que, dentro do governo, vinham endossando a postura ;vigorosa; com que o Comitê de Política Monetária (Copom) tem conduzido o processo de alta dos juros para combater a inflação. O principal desses argumentos, acredita o ministro, veio da queda do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre junho e julho, de 0,74% para 0,53%. O tombo decorreu dos preços dos alimentos, os mesmo que, desde o início do ano, vinham jogando a inflação para cima.
Meirelles acredita que Lula não cairá no ;canto da sereia;, pois sabe que os números em baixa não garantem que a inflação voltou ao controle. Para o presidente do BC, é ;prematuro; qualquer tipo de comemoração.