O valor total dos financiamentos imobiliários contratados no primeiro semestre deste ano cresceu 86,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. O dado consta do último levantamento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), divulgado nesta terça-feira (5/08) pela entidade. A pesquisa leva em consideração somente as operações em que bancos utilizam-se dos recursos depositados em cadernetas de poupança para financiar a compra de imóveis, o chamado Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo.
Segundo a Abecip, nos seis primeiros meses do ano, foram concedidos quase R$ 13 bilhões em financiamentos. Até junho do ano passado, bancos e entidades de crédito haviam emprestado menos de R$ 7 bilhões. ;Só no primeiro semestre de 2008, já emprestamos mais do que em todo o ano de 2006;, disse o presidente da Abecip, Luiz Antonio França.
Somente em junho, o valor dos financiamentos atingiu R$ 3,197 bilhões ; recorde histórico, de acordo com a Abecip, e superior ao valor total de todas as operações contratadas em 2004. Na comparação entre junho de 2007 e junho de 2008, o aumento foi de 130,3%.
França disse que o crescimento se deve a ajustes no arcabouço jurídico que envolve as operações, que resultaram em maior segurança jurídica para os bancos financiadores; a seguidas quedas nas taxas de juros nos últimos dois anos e à ampliação dos prazos para pagamento dos empréstimos. ;De dois anos pra cá, os bancos começaram a conceder créditos com parcelas que mais pessoas podem pagar;, resumiu, em entrevista à Agência Brasil.
Com isso, o número de casas financiadas também aumentou. Nos primeiros seis meses deste ano, 128 mil casas foram financiadas com recursos da poupança ; 58,9% a mais do que no mesmo período do ano passado.
'Crescimento consistente'
;Estamos passando por um crescimento consistente desde 2006, mas ainda temos o que crescer;, afirmou França. ;O volume de crédito imobiliário no Brasil representa a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB). No Chile, representa 30% do PIB e, em países desenvolvidos, mais de 60%.; O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas no país.
Tendência de alta
O economista Miguel de Oliveira disse que a tendência de aumento deve ser mantida nos próximos meses, já que a boa fase da economia nacional permite que os trabalhadores façam planos de longo prazo e estruturem a compra de sua casa. Segundo ele, o déficit habitacional brasileiro é outro motivo para apostar no crescimento do mercado.
Para Oliveira, nem as recentes altas da taxa básica de juros (Selic) devem barrar esse crescimento. Para ele, as decisões do Conselho de Política Monetária (Copom) resultaram na estabilização das taxas de juros no patamar de 12% ao ano, mas ainda não fizeram com que as taxas oferecidas pelos bancos aumentassem. ;Se os juros continuarem assim, o financiamento no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo continuará sendo umas das melhores opções existentes para compra de imóveis.;