O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu nesta terça-feira (5/08) a permanência da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) na atual faixa de 6,25% ao ano. A TJLP, usada pelo BNDES em operações de financiamento, foi mantida estável nesse patamar durante a reunião do Conselho Monetário Nacional, em julho.
Coutinho rebateu os economistas que afirmam que manter estável a TJLP, enquanto a taxa básica de juros (Selic) sobe, tira um pouco da eficácia da política monetária. Segundo ele, investimentos firmes criam capacidade e estabilizam o nível de uso de capacidade. "O amadurecimento dos investimentos feitos nos últimos dois anos é que tem permitido a estabilização do nível de uso de capacidade", disse. Para Coutinho, a continuidade dos investimentos é importante para manter a estabilidade ao longo do tempo.
Ele disse que a criação de capacidade produtiva representa a criação de oferta futura, conciliando crescimento e produto potencial e estabilidade. "Os investimentos necessitam de financiamento de longo prazo e, por isso, é importante manter uma taxa de juros de longo prazo que estimule o investimento. Porque ela (taxa) contribuirá para a estabilidade de preços", declarou.
Luciano Coutinho afirmou também que a inflação vai voltar para as metas. Por isso, ressaltou, "é olhar para isso de maneira um pouco mais paciente e coerente com a própria política de controle da inflação que está sendo perseguida pelo Banco Central".
Razões históricas
Ele atribuiu a razões históricas relacionadas dívida mobiliária a elevada taxa de juros praticada no Brasil. "(Essa dívida) é muito alta e muito curta e precisa ser equacionada de forma mais adequada realidade de um país que já tem grau de investimento. Essa classificação, dada ao Brasil este ano pelas agências de rating (risco) Standard e Ficth Rating, considera o país como um bom pagador. É um pouco uma herança histórica de um processo que foi muito difícil de estabilização", disse.
Para minimizar o descompasso entre a oferta e o conjunto da demanda, que inclui investimentos, consumo e gastos do governo, Coutinho entende que uma ligeira desaceleração da economia seria positiva para o controle da inflação. Para ele, tal desaceleração estará em curso a partir dos movimentos já feitos pelas políticas monetária e fiscal para combater a inflação.
O presidente do BNDES disse ainda que, do lado da oferta, a produção industrial, principalmente a indústria de bens de capital, vem apresentando crescimento satisfatório. "Os investimentos têm crescido e se mantido de maneira firme", concluiu. Luciano Coutinho participou hoje, no Rio de Janeiro, de seminário promovido pela Associação e Sindicato dos Bancos do estado.