Jornal Correio Braziliense

Economia

Petróleo fecha em queda após ser negociado abaixo de US$ 120

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O preço do petróleo fechou em baixa nesta segunda-feira, depois de recuar brevemente para menos de US$ 120. A notícia de que a tempestade tropical Edouard não deve causar estragos nas instalações petrolíferas no golfo do México e o dado sobre gastos do consumidor divulgado hoje nos EUA fez o preço da commodity perder ainda mais força. O barril do petróleo cru para entrega em setembro, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), encerrou o dia cotado a US$ 121,41, baixa de 2,95%. O menor preço atingido hoje foi de US$ 119,50 e o maior, US$ 126,35. A tempestade Edouard pode se transformar em um furacão de categoria 1 antes de atingir amanhã (5) os Estados do Texas e da Louisiana, informou o NHC (Centro Nacional de Furacões americano, na sigla em inglês). Edouard apresenta ventos máximos sustentados de 75 km/h, com rajadas mais fortes, mas "espera-se um aumento de sua intensidade nas próximas 24 horas", informou o NHC em boletim divulgado às 12h (em Brasília). Durante a temporada atlântica, que começou em 1° de junho e termina em 30 de novembro, já se formaram cinco tempestades tropicais, Arthur, Bertha, Cristóbal, Dolly e Edouard, das quais a segunda e a quarta se transformaram em furacão. Os meteorologistas previram que a temporada será um pouco mais ativa que o normal, com a formação de entre seis e nove furacões e de 12 a 16 tempestades tropicais. A notícia de que o furacão não deverá apresentar risco às unidades de produção "tirou muita pressão do mercado", disse o analista Phil Flynn, da Alaron Trading em Chicago. "A sensação no mercado é a de que nos desviamos de um outro tiro." Outro fator que contribuiu para a desaceleração do preço da commodity foi a divulgação do Departamento do Comércio, que informou hoje que os gastos dos consumidores americanos tiveram uma queda de 0,2% em junho, após descontado o efeito da inflação. Considerando as altas de preços, os gastos subiram 0,6%, mas isso devido aos desembolsos maiores para pagar por itens como a gasolina --cujo galão (3,785 litros) chegou ao patamar de US$ 4,1-- e não a aquisições de mais itens. O dado mostra que o consumo nos EUA vem sofrendo declínio devido à desaceleração da economia do país. No trimestre passado a economia cresceu 1,9%, contra 0,9% do primeiro trimestre, impulsionada por dois fatores principalmente: a expansão das exportações, favorecidas pelo dólar fraco diante de outras moedas, como o euro; e o pacote de estímulo aprovado pelo presidente George W. Bush em fevereiro, de US$ 168 bilhões. Segundo analistas o pacote deve continuar a exercer um efeito positivo no resultado da economia no terceiro trimestre, mas, segundo analistas, no quarto trimestre os efeitos do pacote já deverão ter sido assimilados e a economia deve sofrer uma desaceleração significativa. A expectativa de um menor consumo em geral nos EUA faz com que a previsão de consumo de gasolina e outros combustíveis também caia, aliviando a demanda e abrindo espaço para um recuo do petróleo. "As pessoas estão procurando uma desculpa para vender petróleo agora", disse o presidente da consultoria para o setor de energia Ritterbusch and Associates, Jim Ritterbusch --que destacou, no entanto, que os preços "nunca caem tão depressa quanto sobem". Também contribuiu para a queda do petróleo a declaração do provável candidato democrata à presidência dos EUA, Barack Obama, de que pretende investir na exploração das reservas nacionais de petróleo e gás natural em Dakota do Norte, Montana e na Reserva Nacional de Petróleo no Alasca --centro de um debate entre exploradores e ecologistas sobre a potencial destruição do ambiente natural do Estado. Outras propostas dele são exigir que, até 2012, ao menos 10% da energia consumida nos EUA venha de fontes renováveis e o investimento pesado em carros híbridos, com 1 milhão de veículos nas ruas americanas até 2015.