Facilitar o acesso do consumidor ao telefone fixo e celular. Este é o grande mérito da privatização do sistema Telebrás, que completa nesta segunda-feira (29/07) dez anos com inegável sucesso, segundo especialistas do setor.
A expansão da telefonia móvel foi ainda mais expressiva. Em 1998, o serviço era incipiente, com 7,36 milhões de celulares em funcionamento do país, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No mês passado, o número de aparelhos alcançou 133,15 milhões, número 18 vezes maior do que há 10 anos.
"Isso ocorre devido à facilidade que traz a telefonia móvel. Muita gente não quer telefone fixo mais", afirma o presidente da Associação Nacional das Operadoras Celulares (Acel), Ercio Zilli.
Na telefonia fixa, o número de linhas em funcionamento quase dobrou em uma década, saltando de 20 milhões, em 1998, para 39,8 milhões.
Conseguir uma linha, porém, ficou muito mais fácil. Até julho de 1998, para comprar uma linha telefônica fixa era preciso esperar meses e pagar até US$ 5 mil - o valor poderia chegar a R$ 10 mil no mercado paralelo. A linha era considerada um bem de valor e deveria ser declarado no Imposto de Renda.
"Muitas vezes as pessoas não lembram como era o Brasil. Conseguir um telefone era um privilégio, custava caro e era usado como meio de influencia política", diz o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias do Serviço Telefônico Fixo (Abrafix), José Pauletti.
Hoje, as concessionárias são obrigadas a instalar telefone fixo em qualquer localidade com mais de 300 habitantes. Para isso, a Anatel estabelece prazo de 3 a 7 dias e a linha não é mais vendida - paga-se apenas uma taxa de instalação, que varia de R$ 13 a mais de R$ 100.
Investimentos
A chave da expansão, segundo os especialistas, foi o volume de investimentos. Segundo a Abrafix, somente as empresas de telefonia fixa investiram R$ 140 bilhões nos últimos dez anos na expansão da infra-estrutura e melhoria dos serviços.
"Isso tem um impacto muito grande na economia. Possibilita o aumento na produtividade das empresas, gera novas oportunidades de negócios, auxilia na redução das desigualdades", lista Pauletti.
De acordo com a Acel, desde 2000 as empresas celulares investiram R$ 60 bilhões. "Se o setor fosse estatal ainda estaria engessado. Nós estaríamos em uma situação ruim, como os aeroportos", compara Zilli.
O conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) Luiz Delorme Prado explica que, em 1998, o governo passava por uma crise de financiamento que prejudicava a expansão das empresas estatais. Para ele, as estrutura das empresas do Sistema Telebrás poderiam não levar ao desenvolvimento e aos investimentos que foram vistos com a privatização.