Genebra - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reafirmou neste sábado (26/07) a posição de que as novas propostas da Rodada Doha devem ser aceitas, mesmo não sendo o suficiente.
De acordo com informações da BBC Brasil, o ministro considerou o que foi proposto até o momento "o melhor que se pode ter pelo preço que se pode pagar.
É tudo o que a gente queria? Não é. É o ideal? Não é. Mas isso é uma negociação. Não estamos fazendo um mau acordo, na minha opinião, disse o chanceler depois de uma reunião com os demais líderes do G20 na sede da missão brasileira, em Genebra.
Pelo que eu entendo, (com base) em consultas com nossos exportadores, os tetos (para os cortes de tarifas de exportação) todos são satisfatórios para permitir que nossas exportações ocorram, completou.
A proposta que está em discussão agora foi apresentada nessa sexta-feira (25/07) pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Pascal Lamy.
O texto determina que os Estados Unidos limitem os subsídios agrícolas a US$ 14,5 bilhões, com uma redução de 70% nas atuais tarifas mais altas.
Todos os países poderão tanto subir suas tarifas a um nível limitado quando as importações subirem mais de 140%, quanto incluir de 4% a 6% dos seus produtos em uma lista de itens que podem ter uma redução das tarifas de importação abaixo do corte geral.
A proposta também prevê uma tarifa máxima de 25% para a importação de produtos industrializados pelos países emergentes. No Brasil, a tarifa de importação de carros teria que cair dos 35% praticados atualmente para cerca de 24%.
Segundo Amorim, esses números são melhores do que as propostas feitas antes. Em subsídios internos, fomos capazes não só de definir um teto para o que pode ser concedido, mas também de definir tetos para alguns produtos específicos. Isso agora está incluído no acordo com números que são aceitáveis, com períodos de referências que são aceitáveis, afirmou.
O chanceler reconheceu, no entanto, que há países com posições distintas, sobretudo os que têm um perfil mais defensivo na área agrícola, como é o caso da Índia. O ministro de Comércio indiano Kamal Nath, saiu da reunião afirmando que o novo texto não é o documento final e, segundo ele, Argentina, África do Sul e Egito também têm suas ressalvas em relação aos números propostos.
Para Amorim, um dos pontos que ainda precisa ser fechado é a negociação sobre o etanol com a União Européia. A proposta feita pelo comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, foi uma cota de 1,4 milhões de toneladas de etanol exportadas por ano, com tarifa de 10%, até 2020. As exportações que passassem desse limite seriam tarifadas a 35%.
O Itamaraty vê a proposta como insuficiente. Atualmente, o Brasil exporta para o bloco europeu 900 milhões de toneladas de etanol por ano, com uma tarifa de 45%.